Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2018
O economista Paulo Guedes, provável titular do “superministério” da Economia a partir da posse de Jair Bolsonaro como presidente da República (em janeiro), disse que a pasta da Indústria, Comércio Exterior e Serviços se transformou em “uma trincheira da Primeira Guerra Mundial” na defesa de protecionismos. Segundo ele, o próximo governo federal vai “salvar a indústria brasileira apesar dos industriais brasileiros”.
A comparação foi feita durante entrevista coletiva após uma reunião nessa terça-feira, no Rio de Janeiro, após reunião com o presidente eleito e integrantes da equipe. Atualmente, o governo federal conta com 29 ministérios. Bolsonaro disse, ainda durante a campanha eleitoral, que reduzirá esse número para 15, por meio da união de algumas pastas.
“O Brasil está em um processo de desindustrialização acelerada há mais de 30 anos. Eles [do Ministério] estão lá com arame farpado, lama, buraco e tal, defendendo protecionismos, subsídios, enfim, coisas que prejudicam a indústria, em vez de lutar pela redução de impostos, simplificação tributária e uma integração competitiva à indústria internacional”, afirmou.
Ainda segundo Guedes, a proposta do “superministério” (reunindo as pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) não tem por objetivo promover uma abertura abrupta da economia, que “mataria a indústria nacional”. Em vez disso, ele propõe retomar o crescimento do setor garantindo juros baixos, eliminando a complexidade burocrática e reduzindo impostos.
“O maior símbolo de que os impostos são excessivos é que quem tem lobby consegue desoneração e quem não tem vai para o Refis [programa de refinanciamento de impostos]. Se os impostos fossem mais baixos, não precisaria de nada disso”, disse. “A razão de o Ministério da Indústria estar próximo da Economia é justamente ter uma única orientação sobre tudo isso.”
Guedes afirmou, ainda, que a distribuição de cargos ainda não chegou nas estatais. Perguntado se o grupo já havia discutido uma proposta para o programa de subsídio do diesel, que acaba em 31 de dezembro, ele disse que “chegou a pensar em alguma coisa”, mas não discutiu com Jair Bolsonaro. Ele não quis detalhar a proposta.
Questionamento da CNI
Em nota, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) criticou a decisão do governo eleito de fundir os ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O questionamento tem por base o fato de que essa medida vai contra uma tendência mundial
.”Tendo em vista a importância do setor industrial para o Brasil, que é responsável por 21% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional e pelo recolhimento de 32% dos impostos federais, precisamos de um ministério com um papel específico, que não seja atrelado à Fazenda, mais preocupada em arrecadar impostos e administrar as contas públicas”, afirmou na nota o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade.