Há uma série de características do surto atual da varíola dos macacos que intriga os cientistas, como as possíveis adaptações que levaram o vírus a se disseminar com mais facilidade entre humanos e causar pela primeira vez o número de casos que o mundo vive hoje.
Cientistas do Reino Unido publicaram um novo estudo na revista científica British Medical Journal (BMJ) que aponta ainda dois novos sintomas da doença, que não eram associados ao diagnóstico anteriormente. A partir da análise de pacientes infectados, eles concluíram que a dor na região anal e o inchaço peniano são manifestações comuns entre os contaminados.
“Novas apresentações clínicas de infecção por varíola dos macacos foram identificadas, incluindo dor retal e edema peniano. Essas apresentações devem ser incluídas nas mensagens de saúde pública para auxiliar no diagnóstico precoce e reduzir a transmissão posterior”, escreveram os autores do estudo, que destacam ainda que os sintomas foram os “mais comuns que exigiram internação hospitalar”.
O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Fundação Guy’s and St Thomas’, do Sistema Nacional de Saúde britânico (NHS), que analisaram o perfil de 197 infectados com o vírus monkeypox no Reino Unido entre maio e julho deste ano. Os contaminados tinham em média 38 anos.
A atualização das diretrizes de saúde com os novos sintomas é importante, apontam os cientistas, uma vez que pelas orientações atuais 14% não se enquadravam como um “caso provável” da varíola símia. Outro achado importante no estudo foi que apenas 25% dos infectados relataram ter tido contato com uma pessoa que teve a doença confirmada, “levantando a possibilidade de transmissão assintomática ou paucissintomática (que apresenta poucos sintomas)”.
“A compreensão dessas descobertas terá grandes implicações para o rastreamento de contatos, conselhos de saúde pública e medidas contínuas de controle e isolamento de infecções”, defenderam os autores.
Primeiras vacinas
As primeiras doses da vacina contra a varíola dos macacos destinadas ao Brasil deverão chegar em setembro, informaram o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel Pereira, e o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros. Cerca de 20 mil doses desembarcarão no País em setembro; e 30 mil, em outubro.
Apenas profissionais de saúde que manipulam as amostras recolhidas de pacientes e pessoas que tiveram contato direto com doentes serão vacinados. O esquema de vacinação será feito em duas doses, com intervalo de 30 dias entre elas.
A aquisição será feita por meio de convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) porque a empresa dinamarquesa produtora da vacina não-replicante não tem escritório no Brasil nem pretende abrir representação no País. “Existe um pedido da Opas para a aquisição de 100 mil doses de vacinas para as Américas. Dessas 100 mil doses, 50 mil serão adquiridas pelo Ministério da Saúde”, detalhou Medeiros.