“Não conseguimos dizer se a pessoa está dependente ou se ela está abusando, porque essa linha é muito tênue. O que sabemos é que existe essa sensação na pessoa, essa necessidade de estar sempre conectado”, afirma a psicóloga Fabiane Curvo de Faria.
Para complicar ainda mais o cenário, é preciso levar em conta o momento que estamos passando. A pandemia de covid-19, por exemplo, nos forçou a usar os recursos digitais para estarmos conectados com nossos parentes, amigos e também com o trabalho.
Como nos afeta
O fato é que a hiperconectividade impacta diretamente o nosso organismo, principalmente quando falamos de saúde mental. Passar um tempo sem poder usar o celular, por exemplo, é algo penoso.
Outros impactos que a hiperconectividade causa em nosso organismo:
— mudanças no sono
— mudança nos hábitos alimentares
— problemas oftalmológicos
— dores na nuca e pescoço (por ficarmos encurvados olhando para aparelhos eletrônicos, como o celular)
— problemas auditivos (pelo uso de fones)
— acidentes em casa, na rua ou mesmo de trânsito por ter se distraído no celular
— sedentarismo
— cansaço
— aumento da insatisfação
— bruxismo (pelo aumento da ansiedade).
Como aliviar
Pode ser complicado num primeiro momento, mas é preciso buscar limites no uso da tecnologia. Para começar, o recomendado é:
— Se desligar da tecnologia em refeições
— Controlar o tempo de uso do celular
— Fazer pausas estratégicas no dia a dia
— Fazer mais atividades ao ar livre.
Limite de conexão
Para complicar ainda mais todo o cenário, é difícil dizer se atingimos o máximo da hiperconectividade ou se esse comportamento pode piorar. Para a psiquiatra, a sociedade, de uma forma geral, ainda está muito imatura quanto ao uso de tecnologias e a forma como ela se relaciona com esse recurso.
“Se o uso de computadores pessoais é um fenômeno dos últimos 30 anos, a internet de forma ampliada dos últimos 20 e uso dos dispositivos pessoais como os celulares de forma mais massiva acontece há, pelo menos, 15 anos, ainda estamos jovens, enquanto sociedade, quanto aos fatores que esses recursos nos beneficia e ao mesmo tempo nos aprisiona (…) O que precisamos compreender é que o ‘piorar’ precisa ser ressignificado para ‘compreendido'”, diz a psiquiatra Maria Francisca Mauro.