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Brasil Veja 8 situações em que os donos da JBS usaram a corrupção para obter vantagens

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JBS atuou em diversas frentes para obter vantagens. (Foto: AE)

Os donos das JBS pagaram propina para ter vantagens para suas empresas e viabilizar negócios que formaram o maior grupo privado do país e a maior companhia de carne do mundo, de acordo com depoimentos na delação premiada de executivos e empresários da JBS e empresas do mesmo grupo. Os relatos mostram que o grupo corrompeu políticos para ter incentivos fiscais e conseguir dinheiro no BNDES e nos fundos de pensão.

O grupo também teria tentado interferir nas investigações da Operação Greenfield, que investiga as operações de fundos de pensão, em decisões do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e até indicar executivos para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Executivos relatam que os pedidos foram feitos por Joesley ao presidente da República Michel Temer e ao deputado Rodrigo Rocha Loures em reuniões realizadas em março deste ano.

Veja 8 situações em que a JBS ganhou ou tentou obter vantagens para seus negócios com práticas ilícitas:

1 – Desoneração da folha de pagamento

Segundo Joesley Batista, a empresa pagou R$ 20 milhões de propina em 2015 ao então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha para conseguir aprovar o projeto de desoneração tributária da folha de pagamentos para os produtores de aves.

O empresário disse que foi procurado por Cunha para tratar da questão, que estava na Câmara.

A JBS se tornou uma das grandes produtoras de frango no Brasil, atrás apenas da BRF, com a compra da Seara, em 2013.

2 – Crédito e aportes do BNDES

O grupo JBS exercia influência no BNDES por meio do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, de acordo com depoimento de Joesley Batista. O empresário conta que pagava como propina uma taxa de 4% do valor de cada contrato aprovado no BNDES, assim como dos aportes financeiros feitos por meio da BNDESpar, o braço do banco que investe em participações de empresas. Hoje o BNDES é dono de 21% da empresa.

Segundo o empresário, os pagamentos foram feitos em duas fases. Entre 2005 e 2008, o empresário Victor Sandri, que apresentou Joesley a Mantega, recebia o pagamento. A partir de 2009, Joesley passou a tratar diretamente com Mantega.

3 – Investimentos dos fundos de pensão

Os investimentos dos fundos de pensão nos negócios do grupo J&F, dono da JBS, envolveram o pagamento de propina para executivos dos fundos e para o Partido dos Trabalhadores, segundo depoimento de Joesley Batista.

4 – Investimento do FI-FGTS

Em seu depoimento, Joesley disse que pagou propina para conseguir liberar um investimento de R$ 940 milhões do FI-FGTS para construção da fábrica da Eldorado. O FI-FGTS é um fundo administrado pela Caixa Econômica Federal que investe recursos do FGTS em projetos de infraestrutura.

5 – Créditos tributários estaduais

A JBS negociou o pagamento de propina a políticos do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para conseguir descontos no pagamento de ICMS, relatam os depoimentos dos delatores Wesley Batista, dono e presidente da JBS, e Valdir Aparecido Boni, diretor de tributos da empresa.

Wesley diz que pagou propina ao governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), e aos ex-governadores Zeca do PT e André Puccinelli (PMDB).

6 – Tentativa de influenciar o Cade

O dono da JBS disse que pediu a Temer e Rocha Loures, apontado como interlocutor de Temer, que intercedessem a favor do grupo em um pleito no Cade. A J&F questiona o monopólio da Petrobrás na importação de gás da Bolívia em um processo.

A empresa é dona de uma usina termelétrica em Cuiabá, movida a gás, que ficava sem matéria-prima para funcionar porque a Petrobrás compra todo o gás boliviano e não tinha garantia de fornecimento do insumo, de acordo com Joesley.

7 – Interferência nas investigações da operação Greenfield

A J&F atuou de duas formas para tentar influenciar as investigações da operação Greenfield, que investiga irregularidades em aplicações de fundos de pensão na Eldorado, empresa de celulose do grupo. Uma das frentes foi a contratação de um advogado amigo de um juiz do caso e a outra foi o pagamento de propina a um procurador assistente da acusação.

Outra frente da atuação para interferir nas mesmas investigações foi o pagamento de propina ao procurador Ângelo Goulart, preso na quinta-feira (18), que era um dos auxiliares do procurador Anselmo Lopes no caso.

O Ministério Público vê irregularidades no aporte de R$ 550 milhões feito em 2009 dos fundos de pensão na Florestal, empresa do grupo J&F que posteriormente foi incorporada pela Eldorado. Há suspeitas de que os fundos foram lesados pela J&F e teriam uma participação maior na empresa.

8 – Pedidos para indicar diretores na CVM

Na mesma reunião em que pediu a intervenção de Temer no Cade, Joesley pediu a indicação de “pessoas alinhadas com o governo” na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o órgão regulador do mercado de capitais. (AG)

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