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Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2019
Presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) entre 1989 e 2012 e ex-membro do antigo Comitê Executivo da Fifa (Federação Internacional de Futebol), Ricardo Teixeira foi banido para sempre do esporte pela entidade mundial. A decisão levou em conta que o cartola de 72 anos cometeu crimes de corrupção no exercício da atividade. Ele também foi multado em R$ 4,25 milhões.
Pesou contra ele o envolvimento em “esquemas de suborno” no período de 2006 a 2012, quando teve relação direta em negociações de empresas de marketing esportivo com a CBF, Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe). A maioria dos contratos se referia à venda dos direitos de transmissão de competições.
O Comitê de Ética, em suas investigações, concluiu que o dirigente infringiu o artigo 27 do Código de Ética da Fifa ao receber propina. Em consequência, foi punido com o banimento definitivo do futebol. Assim, Teixeira não pode exercer qualquer atividade relacionada ao esporte, tanto em nível nacional quanto internacional. Ele já estava afastado de todas as atividades relacionadas ao futebol brasileiro. Chegou a morar em Miami (EUA) antes de se refugiar no Rio de Janeiro.
Origem
Sem experiência anterior como dirigente de futebol, o empresário mineiro foi presidente da CBF de 1989 até 2012. A sua chegada ao poder na confederação foi patrocinada pelo então presidente da Fifa e ex-presidente da CBD (órgão que deu origem à CBF) João Havelange, que na época era seu sogro. Ele gastou US$ 2 milhões na campanha, distribuindo benesses às federações estaduais.
Gestão
Sob seu comando, a seleção brasileira venceu a Copa do Mundo duas vezes (1994 e 2002) e encerrou um jejum de 24 anos. Sua gestão na entidade máxima do futebol brasileiro também ficou marcada por parcerias milionárias, viradas de mesa no Campeonato Brasileiro, escândalos de arbitragem e CPIs no Congresso Nacional.
Acusações
Em 2000, Teixeira enfrentou uma CPI instalada na Câmara para investigar supostas irregularidades no contrato entre a CBF e a Nike. O presidente da entidade também deporia na CPI do Senado, na qual fora acusado de apropriação indébita dos recursos da confederação, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Também foi acusado de superfaturar amistosos da seleção brasileira
Escândalo
A partir de 2015, quando estourou o escândalo de corrupção da Fifa, foi acusado por delatores na Justiça dos Estados Unidos de ter recebido propina na venda de direitos comerciais da entidade. Também é investigado em pelo menos outros três países (Espanha, Uruguai e Suíça) e desde então nunca mais deixou o Brasil.
Defesa
Ricardo Teixeira sempre negou ter recebido dinheiro irregularmente. “Isso não existe. Se me deu comissão, mostra. Diz o banco. Diz a data. Manda o governo americano mostrar o papel”, afirmou à Folha em 2015. O ex-presidente da Confederação disse que não voltou aos Estados Unidos para “não se aborrecer” e também por causa da sua saúde. Ele fez um transplante renal em 2013.