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Colunistas Veja as mensagens de WhatsApp, planilhas e e-mails que embasaram o pedido de prisão do ex-dirigente das Lojas Americanas

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Investigadores extraíram informações de 59 HDs externos, notebooks, pendrives e celulares corporativos após quebra de sigilo telemático e de dados. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A operação da Polícia Federal (PF) que teve como alvo ex-executivos da Americanas e resultou na solicitação de prisão do ex-CEO Miguel Gutierrez e da ex-diretora Anna Christina Saicali, baseou-se em evidências substanciais. Dentre elas estão e-mails, mensagens de WhatsApp, planilhas e outros registros obtidos durante as investigações, com contribuições importantes de diretores da empresa por meio de colaboração premiada.

Os dados mencionados no documento da Operação Disclosure, conduzida em colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), resultam da análise de 59 dispositivos de armazenamento externo, notebooks, pendrives e celulares corporativos. As informações foram obtidas pelos investigadores através de quebras de sigilo telemático e de dados.

Em nota, a empresa disse que “reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes”.

“A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos”, completa o texto.

A defesa de Miguel Gutierrez afirmou que não teve acesso aos autos das medidas cautelares deferidas na última quinta-feira (27) e por isso não vai comentar.

“Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”, informou.

Pendrives 

Durante o curso das investigações, o MPF examinou extensivamente centenas de páginas de mensagens trocadas entre os suspeitos pelo WhatsApp. A apuração revela que a maioria dos documentos não era encaminhada a Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, por e-mail.

“Para se resguardar, o CEO pedia que as informações fossem gravadas em pen drive e entregues fisicamente”, informou o MPF.

Diálogos

Conversas entre duas diretoras da empresa sugerem, de acordo com o MPF, a falsificação de cartas VPC (verba de propaganda cooperada), documentos que fornecedores emitem para varejistas em reconhecimento de créditos relacionados a ações de marketing.

Por meio do WhatsApp, a então diretora de controladoria, Flavia Carneiro, levantou dúvidas sobre a semelhança das assinaturas em documentos de diferentes empresas. Ela formalizou um acordo de delação premiada com os investigadores.

Frete 

Segundo o MPF, despesas com frete de mercadorias que excediam um limite estabelecido no orçamento eram regularmente reclassificadas como despesas de investimento.

E-mails obtidos durante a investigação revelam conversas entre ex-diretores da empresa manipulando registros de despesas com frete para reduzir em mais de R$ 10 milhões o montante a ser declarado.

Prejuízo vira lucro

No processo denominado “fechamento de resultados”, as empresas do grupo preparavam “kits de fechamento”, que incluíam planilhas e apresentações exibindo os números contábeis reais das companhias.

“Os investigados produziam novas versões do resultado, desta vez com a inserção de informações falsas, para aproximar o resultado que seria divulgado ao mercado do valor estabelecido no orçamento”, informou o MPF.

Segundo o MPF, conforme revelado na investigação, em agosto de 2019, um prejuízo de R$ 46,9 milhões foi manipulado para ser apresentado como lucro líquido de R$ 18,3 milhões.

Kit fechamento

Segundo a investigação, o ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez estava envolvido nas fraudes desde o planejamento até a divulgação dos resultados, monitorando os processos por meio do “kit de fechamento”. O MPF ressalta uma correspondência por e-mail com Flávia Carneiro.

Contas “esticadas”

O MPF destaca outro elemento importante: uma conversa de WhatsApp entre diretores da empresa. No diálogo, Marcelo Barros “reproduz a foto de uma demonstração financeira e pergunta qual a diferença entre as duas colunas de novembro”.

José Timotheo de Barros, então, responde: “A cinza é a vida como ele é. A branca com todas as esticadas”. A coluna apontada como verdadeira tem números menores que a “esticada”.

A defesa de Timotheo de Barros afirma que a operação de busca e apreensão da PF em sua residência é “desnecessária”. “Desde o início das apurações, documentos, informações econômicas e dados telemáticos foram colocados à disposição para a apuração do caso”, diz a nota.

Cuidado

Outra conversa interceptada mostra, segundo o MPF, um ex-diretor-executivo sugerindo que não fosse divulgado ao mercado que o lucro registrado pela empresa se deu em razão de uma compensação no ICMS, “atitude com a qual Flávia Carneiro concordou, visando aparentar uma atividade operacional mais robusta da empresa”.

Alguns dias depois, Flávia discutiu com este então diretor como modificar despesas “entre linhas”. Ou seja, como alterar a realidade das despesas, mudando sua natureza, para que o mercado recebesse melhor o resultado. “Ela discute (…), por exemplo, a impossibilidade de a fraude se concentrar nas despesas com aluguel, pois isso chamaria a atenção da auditoria”, afirma o MPF.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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