Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
“A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos”, completa o texto.
A defesa de Miguel Gutierrez afirmou que não teve acesso aos autos das medidas cautelares deferidas na última quinta-feira (27) e por isso não vai comentar.
“Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”, informou.
Pendrives
Durante o curso das investigações, o MPF examinou extensivamente centenas de páginas de mensagens trocadas entre os suspeitos pelo WhatsApp. A apuração revela que a maioria dos documentos não era encaminhada a Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, por e-mail.
“Para se resguardar, o CEO pedia que as informações fossem gravadas em pen drive e entregues fisicamente”, informou o MPF.
Diálogos
Conversas entre duas diretoras da empresa sugerem, de acordo com o MPF, a falsificação de cartas VPC (verba de propaganda cooperada), documentos que fornecedores emitem para varejistas em reconhecimento de créditos relacionados a ações de marketing.
Por meio do WhatsApp, a então diretora de controladoria, Flavia Carneiro, levantou dúvidas sobre a semelhança das assinaturas em documentos de diferentes empresas. Ela formalizou um acordo de delação premiada com os investigadores.
Frete
Segundo o MPF, despesas com frete de mercadorias que excediam um limite estabelecido no orçamento eram regularmente reclassificadas como despesas de investimento.
E-mails obtidos durante a investigação revelam conversas entre ex-diretores da empresa manipulando registros de despesas com frete para reduzir em mais de R$ 10 milhões o montante a ser declarado.
Prejuízo vira lucro
Segundo o MPF, conforme revelado na investigação, em agosto de 2019, um prejuízo de R$ 46,9 milhões foi manipulado para ser apresentado como lucro líquido de R$ 18,3 milhões.
Kit fechamento
Segundo a investigação, o ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez estava envolvido nas fraudes desde o planejamento até a divulgação dos resultados, monitorando os processos por meio do “kit de fechamento”. O MPF ressalta uma correspondência por e-mail com Flávia Carneiro.
Contas “esticadas”
O MPF destaca outro elemento importante: uma conversa de WhatsApp entre diretores da empresa. No diálogo, Marcelo Barros “reproduz a foto de uma demonstração financeira e pergunta qual a diferença entre as duas colunas de novembro”.
José Timotheo de Barros, então, responde: “A cinza é a vida como ele é. A branca com todas as esticadas”. A coluna apontada como verdadeira tem números menores que a “esticada”.
A defesa de Timotheo de Barros afirma que a operação de busca e apreensão da PF em sua residência é “desnecessária”. “Desde o início das apurações, documentos, informações econômicas e dados telemáticos foram colocados à disposição para a apuração do caso”, diz a nota.
Cuidado
Outra conversa interceptada mostra, segundo o MPF, um ex-diretor-executivo sugerindo que não fosse divulgado ao mercado que o lucro registrado pela empresa se deu em razão de uma compensação no ICMS, “atitude com a qual Flávia Carneiro concordou, visando aparentar uma atividade operacional mais robusta da empresa”.
Alguns dias depois, Flávia discutiu com este então diretor como modificar despesas “entre linhas”. Ou seja, como alterar a realidade das despesas, mudando sua natureza, para que o mercado recebesse melhor o resultado. “Ela discute (…), por exemplo, a impossibilidade de a fraude se concentrar nas despesas com aluguel, pois isso chamaria a atenção da auditoria”, afirma o MPF.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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