As doenças cardiovasculares estão por trás da morte de 400 mil brasileiros todos os anos. “Também causam impacto econômico substancial nos sistemas de saúde”, comenta a nutricionista Valéria Machado, mestre e doutora em ciências aplicadas à cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“A dislipidemia é um dos mais importantes fatores de risco”, acrescenta Álvaro Avezum, cardiologista e head do Centro Especializado em Cardiologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O médico refere-se ao distúrbio marcado pelo desequilíbrio das taxas de colesterol.
Pacientes com alto risco cardiovascular, caso de pessoas com diabetes e daquelas que já colocaram stent, precisam apresentar números ainda mais rigorosos.
Para manter essas taxas em ordem, são várias as frentes. Em certas situações, claro, é preciso lançar mão de remédios, caso das estatinas, que já contam com várias versões.
Mas o estilo de vida tem papel preponderante, especialmente em termos de prevenção. A prática cotidiana de exercícios, por exemplo, atua no equilíbrio, contribuindo para o aumento do HDL – sobretudo os aeróbicos, ou seja, caminhada, corrida e natação. Gerenciar o estresse é mais uma atitude em prol do coração, assim como manter o peso saudável.
Um artigo publicado no European Heart Journal sugere a adoção de uma dieta similar à mediterrânea para proteger as artérias. Entre os itens consumidos pelos povos daquela região há destaque para frutas, hortaliças, grãos integrais e lácteos magros. “Eles valorizam a comida de verdade, com ingredientes frescos”, afirma a nutricionista Tarcila Campos, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes, do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Também privilegiam as gorduras boas, isto é, as mono e poli-insaturadas – do azeite, das castanhas, do abacate e dos peixes – e ingerem pouca quantidade do tipo saturado, que aparece em alimentos de origem animal, como a carne vermelha.
Evitar exagero no carboidrato é mais uma indicação. Isso não significa excluir o nutriente do dia a dia, até porque ele é nossa principal fonte de energia, mas vale moderar na quantidade e caprichar nas escolhas, dando prioridade às versões integrais, que não ocasionam picos de açúcar no sangue.
Dentro do contexto saudável, tudo é permitido, mas existem alguns alimentos que despontam em estudos pela atuação em prol do equilíbrio do colesterol. Confira cinco exemplos:
1. Aveia: O cereal oferece fibras solúveis, especialmente as betaglucanas, “que formam uma substância viscosa no intestino, que se liga ao colesterol e facilita sua excreção”, explica Valéria. A aveia ainda ajuda a aumentar a saciedade e a controlar os níveis de glicose no sangue.
2. Frutas vermelhas: amora, framboesa, cereja, morango e mirtilo são as chamadas “berries”. Elas ajudam a combater a oxidação do colesterol, num mecanismo que contribui para a redução do risco da formação de placas nas artérias. Mas frutos nativos do Brasil também esbanjam tais substâncias, embora apresentem diferentes colorações, como a jabuticaba, da pitanga, do açaí e do camu-camu.
3. Maçã: a fruta oferece quercetina, um potente antioxidante que resguarda os vasos sanguíneos. Elas também contêm a pectina, fibra envolvida com a proteção cardiovascular. E uma dica ao saborear é a de não desprezar a casca. Lá também há grande quantidade de compostos benéficos.
4. Prebióticos e probióticos: pesquisas apontam que zelar pela microbiota intestinal ajuda a afastar a aterosclerose. Os prebióticos são como fibras especiais que favorecem a proliferação de bactérias benéficas que povoam o intestino. Chicória, cebola, alcachofra e aspargo são fornecedores da substância. Já os probióticos são “micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do indivíduo”. Iogurtes especiais, leites fermentados, kefir e kombucha são exemplos de alimentos que contêm os tais benfeitores.
5. Uva: Ela está cheia de fibras, vitaminas, sais minerais, mas o destaque vai para a concentração de compostos fenólicos, em especial o resveratrol. “A substância apresenta efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, reduzindo processos de oxidação do colesterol”, diz Milena. Atua na melhora da função endotelial – o tapete de células que recobre vasos – ajudando a reduzir o risco da aterosclerose. O suco de uva também oferece esses benefícios. Mas só vale a versão integral. (Estadão Conteúdo)