Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2023
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que disparou seus novos mísseis hipersônicos Kinjal para realizar um “forte ataque de retaliação” em “represália” a uma recente incursão em seu território, em 2 de março, que o Kremlin atribuiu a “sabotadores” ucranianos. Em comunicado, o ministério disse que seus mísseis atingiram a “infraestrutura militar ucraniana, fábricas militares e instalações de energia que os sustentam”.
A Rússia retomou os bombardeios em larga escala contra a Ucrânia na quinta-feira (9), os mais intensos em várias semanas, deixando ao menos 11 mortos e 22 feridos e provocando cortes de energia elétrica em várias províncias, incluindo a interrupção por várias horas do fornecimento da central nuclear de Zaporíjia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou as “táticas miseráveis” de Moscou após os ataques que atingiram 11 das 27 regiões do país, incluindo a capital Kiev.
O primeiro registro de uso da arma em combate foi em 2022. O nome do míssil, kinjal, que significa “punhal” ou “adaga” em russo, alcança velocidade hipersônica, podendo voar mais rápido que 6.000 quilômetros por hora, e tem alcance de mais de 1.500 km. Os mísseis hipersônicos recebem esse nome por conseguirem atingir velocidades até mais de cinco vezes superiores a velocidade do som.
Ao atingir 1.200 km/h, um objeto em alta velocidade produz uma onda de som, denominada estrondo sônico. Essa é a velocidade do som, chamada de Mach 1. Ao atingir pelo menos cinco vezes esse valor, Mach 5, se está diante de um objeto que se locomove em velocidade hipersônica.
Os modelos desenvolvidos pelos russos atingem altas atitudes e, por serem mais manobráveis que mísseis convencionais, são de interceptação mais difícil. Presidente russo, Vladimir Putin, chegou a comparar o avanço científico e tecnológico desses armamentos com a criação do Sputnik, primeiro satélite artificial a orbitar a Terra, criado pelos soviéticos em 1957. Ele descreve os novos armamentos como de alcance “ilimitado”.
Putin destacou no passado que seu país investe em mísseis balísticos hipersônicos, embora várias potências armamentistas como Estados Unidos, Irã e China também estejam envolvidas na corrida por essas armas, que são capazes de viajar a uma velocidade espantosa.
No Telegram, Zelensky disse que a Rússia “mais uma vez tentar assustar os ucranianos com um retorno a essa tática miserável”.
“Assustar a população ucraniana é tudo de que eles são capazes de fazer. Devemos garantir a proteção da infraestrutura energética do fogo inimigo e a rápida restauração do fornecimento de energia nas áreas afetadas”, escreveu o presidente ucraniano.
Trajetória
Armas que voam a velocidades superiores à acima da velocidade do som não são novidade. A diferença apresentada por esses novos modelos de mísseis hipersônicos é que eles não seguem, necessariamente, uma trajetória previsível. Mísseis convencionais tendem a viajar em uma trajetória parabólica. Os novos modelos, por sua vez, por poderem ter seu curso alterado, conseguem desviar de defesas antiaéreas.
Alguns observadores veem o risco de que a alta velocidade das armas de nova geração e suas trajetórias de voo imprevisíveis possam levar a erros que aumentem os conflitos, de acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso americano. Outros argumentam que armas hipersônicas fazem pouco para alterar a dinâmica entre EUA, Rússia e China, que já têm mísseis nucleares suficientes para subjugar as defesas do inimigo. As informações são do jornal O Globo e da BBC News.