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Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2018
Em casa, na colônia de férias ou na praia, criança com tempo livre significa criança com mais energia para gastar. Por isso, durante o verão e as viagens de fim de ano, podem aumentar as chances de acidentes com os pequenos.
Segundo especialistas, traumas, fraturas, lesões, viroses, afogamentos, estão entre os problemas mais comuns nas emergências nesta época. “Com atividade motora mais intensa, outras crianças junto, aumentam todos esses riscos”, diz Claudio Barsanti, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Para entender alguns dos principais riscos, dicas para preveni-los e tirar dúvidas frequentes dos pais, a Folha conversou com Barsanti e com a pediatra Mariane Franco, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria:
Quais os principais acidentes envolvendo crianças na época de férias? Com as crianças passando mais tempo em casa, os acidentes como quedas, traumas, fraturas, ingestão de produtos tóxicos, afogamentos em piscinas, têm maior chance de ocorrer.
Segundo o pediatra Claudio Barsanti, há cuidados mais específicos dentro de casa. Ele diz que 80% dos acidentes domésticos, nesta época, costumam ocorrer dentro da cozinha. Por isso, é importante que os pais se certifiquem de manter armários trancados e a supervisão.
Viroses, infecções intestinais e respiratórias também são mais frequentes. Importante sempre ter a mão álcool, soro e outros medicamentos que podem atender a criança em casos de enjoo e diarreia, por exemplo.
Quais os principais cuidados para tentar preveni-los dentro de casa? Como as crianças costumam precisar de mais espaços livres para brincar, a pediatra Mariane Franco recomenda que os móveis da casa sejam arranjados e preparados para isso. Tirar mesas de vidro do meio da sala, proteger quinas, facilitar o trânsito nos cômodos, são algumas das dicas.
Também é importante tomar cuidado com pisos escorregadios e tapetes. Ela indica que as famílias usem tapetes antiderrapantes. Também é importante que produtos químicos, impróprios para ingestão, sejam devidamente tampados e fiquem fora do alcance das crianças.
As portas também devem ter proteção anti-choque, para evitar que rajadas de vento repentinas possam fechá-las e ferir uma criança. Cuidar ainda de objetos deixados em cima de mesas e estantes, que as crianças podem puxar e se machucar.
As brincadeiras em playgrounds devem ter supervisão constante de adultos, que precisam perceber o risco em certas situações. “Agitação extrema pode levar a acidentes”, diz Barsanti.
E as principais dicas de cuidados na praia? Criança sempre tem que estar acompanhada. Tomar cuidado com sol, com a profundidade quando está dentro do mar e com lixos que são descartados de forma imprópria por outros banhistas são algumas das dicas de Barsanti.
Ele também alerta para a importância de manter as unhas das crianças curtas e higienizadas, especialmente nesta época. Elas podem arranhar eventuais picadas de insetos, para coçar, e causar infecções.
Quais os principais cuidados com a alimentação? A época de verão e férias, com temperaturas elevadas, gasto energético maior que o normal, é essencial que as crianças se mantenham hidratadas. Importante: sempre observar a origem da água.
Prefira alimentos mais leves e saudáveis a alimentos com alto teor de gordura e frituras. Evite comidas de rua, cuja origem ou processo de higiene pareça suspeito.
Quais os riscos que a exposição excessiva ao sol e ao calor pode trazer às crianças, e que cuidados tomar? O principal risco é a desidratação. Mas, também é importante lembrar que a criança não se queima apenas com exposição direta ao sol, mas também por reflexão.
Vale evitar os horários de irradiação mais fortes – entre 10h e 16h – usar sempre protetor solar, durante todo o dia. Para crianças, o uso é permitido acima dos seis meses de idade. Como crianças têm a pele mais delicada é importante repetir a aplicação a cada três ou quatro horas. Usar roupas claras, leves e que tenham fator de proteção solar é recomendado.
Em caso de queimaduras, Franco explica, é importante hidratar o local e evitar que a criança pegue mais sol. Segundo ela, já existe disponível no mercado um silicone anti-queimada, que ajuda na cicatrização.
Quais os riscos e cuidados para evitar afogamento? Os afogamentos mais frequentes, segundo Franco, ocorrem em piscinas. A melhor prevenção, diz ela, é que a brincadeira seja sempre supervisionada e que se adote medidas como proteções nas laterais, que podem dificultar o acesso de crianças pequenas sozinhas.
Barsanti lembra que há faixas etárias com maior risco: crianças lactantes, em idade pré-escolar e adolescentes, que não medem riscos e se expõe mais a eles.
Nas praias, é importante ter a supervisão de um salva-vidas e obedecer a sinalização, quando as bandeiras apontam perigo para o banho.
Em caso de afogamento, o socorro deve ser imediato. A vítima deve ser retirada da água, deitada de lado e mantida aquecida. Caso não haja salva-vidas próximos, acionando os Bombeiros, eles podem orientar sobre como proceder e os próximos passos.
O que os pais podem ensinar às crianças para o caso de se perderem? O ideal é que as crianças usem uma pulseira com dados importantes de identificação: nome, endereço e telefone dos pais. Isso também pode ser colocado em etiquetas na roupa de banho.
Se ela já souber se comunicar, é importante ensinar que procure por adultos como salva-vidas ou policiais que possam ajudá-la a encontrar a família. Ensinar um ponto de referência onde ela pode encontrar a família, pode ser importante também.