Num ano normal, já teríamos os vencedores do Oscar, mas neste ano o processo está só começando. Depois de a maratona de temporadas de prêmios ser retardada em dois meses por causa da pandemia, as indicações ao Oscar serão finalmente anunciadas na segunda-feira logo pela manhã em Los Angeles.
Sem o habitual circuito de festas, estreias, entrevistas e as reluzentes cerimônias de entrega de prêmios, os membros da academia na maior parte devem decidir por sua própria conta. Mas alguns palpites podem ser feitos sobre o grupo de indicados este ano, que deverá estabelecer recordes e provocar controvérsias em igual medida.
Que filmes serão indicados para o Oscar de melhor filme?
Se a história recente do Oscar se confirmar, devemos esperar oito ou nove filmes a conquistarem votos para uma indicação. (No ano passado, a academia decidiu nomear 10 filmes). Cinco candidatos parecem bem colocados diante de quanto foram reconhecidos no caso de outras premiações: Nomadland, Os 7 de Chicago, Promising Young Woman, Minari e Mank.
Mas depois a situação complica.
Nos últimos dois anos, todos os indicados ao prêmio de melhor filme também foram listados pelo Producers Guild of America, de modo que os filmes remanescentes podem ter sido os considerados para o PGA Awards, como Borat: Fita de Cinema Seguinte, Judas e o Messias Negro, A Voz Suprema do Blues, Uma Noite em Miami, O Som do Silêncio. Meu Pai e The Mauritanian também estão no grupo uma vez que estão na lista de indicados do BAFTA, o equivalente britânico ao Oscar, e a academia tem um contingente considerável de eleitores. E é bom manter o olho em Destacamento Blood, que teve um desempenho fraco nesta temporada, mas conta com uma indicação para melhor elenco para a premiação do Screen Actors Guild.
Mas não devem entrar. Além de Nomadland, Os Sete de Chicago, Promising Young Woman, Minari e Mank, estou projetando indicações de melhor filme para A Voz Suprema do Blues, Uma Noite em Miami ou Meu Pai. Se houver um nono indicado será Judas e o Messias Negro ou Borat Fita de Cinema, uma escolha não convencional para melhor filme com muitos fãs apaixonados.
Mulheres diretoras farão história?
Somente cinco mulheres já foram nomeadas com o Oscar de melhor direção: Greta Gerwig (com Lady Bird), Kathryn Bigelow (por seu filme Guerra do Terror), Sofia Coppola (com Encontros e Desencontros), Jane Campion (pelo filme O Piano) e Lina Wertmüller (Pasqualino Sete Belezas). Este ano é quase certo adicionar a diretora de Nomadland, Chloé Zhao no grupo. E depois de ser premiada com um Globo de Ouro e pelo Critics Choice Awards, Zhao se tornaria a primeira mulher, desde Kathryn Bigelow em 2010, a conquistar um Oscar de melhor direção.
Mas a simples presença de Zhao na categoria fará história, uma vez que nenhuma diretora não branca jamais foi indicada ao Oscar de melhor direção. E ela pode não ser a única mulher na sua categoria: O Directors Guild of America também indicou Emerald Fennell (Promising Young Woman) para o principal prêmio do grupo, ao passo que o Globo de Ouro incluiu Zhao, Fennell e Regina King (Uma Noite em Miami). Se duas ou as três cineastas chegarem ao grupo dos cinco finalistas, esta é a primeira competição em que mais de uma mulher será candidata ao Oscar.
Will Chadwick Boseman terá duas indicações póstumas?
O astro de Pantera Negra morreu em agosto do ano passado aos 43 anos de idade, meses antes de sua atuação como o trompetista torturado Levee no filme A Voz Suprema do Blues ter sido muito elogiado pela crítica. Boseman facilmente deverá ser indicado ao prêmio de melhor ator e depois de vitórias no Globo de Ouro e no Critics Choice Awards, diria que é uma aposta segura ele vencer em todas as quatro categorias de atuação.
Os eleitores estão tão ávidos para premiar Boseman que seu nome também pode aparecer na categoria de melhor ator coadjuvante pelo seu desempenho fundamental no filme de Spike Lee sobre o Vietnã, Destacamento Blood. Mas essa indicação é muito incerta.
Quão diversas serão as categorias de atuação?
Cinco anos depois de temporadas marcadas pelo movimento #OscarSoWhite, as pessoas não-brancas conseguiram quase metade das indicações de melhor atuação este ano. É o caso de Viola Davis, em A Voz Suprema do Blues, e Riz Ahmed, com O Som do Silêncio, nas categorias de melhor atuação, e na disputa do Oscar de ator coadjuvante há Leslie Odom Jr (Uma Noite em Miami), Daniel Kaluuya, (Judas e o Messias Negro). Lindo e Andra Day (que venceu, no que foi uma surpresa, o Globo de Ouro) também poderão estar na disputa.
Pode haver indicações para o elenco de Minari, incluindo Steven Yeun e a atriz coadjuvante Yuh-Jung Youn, embora a premiação do Oscar tenha uma trajetória frustrante no caso de elencos liderados por asiáticos: mesmo quando filmes como Parasita, Cartas de Iwo Jima e O Tigre e o Dragão estiveram na lista de melhor filme, suas estrelas foram ignoradas e atrizes como Zhao Shuzhen em A Despedida e Michelle Yeoh, de Podres de Ricos, não encontraram espaço na academia.
Os serviços de streaming predominarão?
Há quase um ano, os cinemas estão fechados em Los Angeles, e assim talvez não surpreenda que numa temporada afetada pela pandemia os filmes que vêm sendo assistidos em segurança em casa dominarão as listas do Oscar.
Netflix e Amazon têm um superávit de candidatos a melhor filme. No caso da Netflix, temos Os Sete de Chicago, Mank, A Voz Suprema do Blues e Destacamento Blood. A Amazon coloca grandes esperanças em Uma Noite em Miami, O Som do Silêncio e Borat Fita de Cinema Seguinte. Mesmo filmes como Nomadland e Judas e o Messias Negro foram vistos quando estrearam no Hulu e HBO Max do que quando lançados nos cinemas
A academia suspendeu suas usuais restrições este ano, permitindo que mais filmes em streaming entrassem na competição. E a disputa pelo prêmio de melhor filme poderá ter na maior parte indicados de grandes serviços de streaming. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.