O Congresso Nacional aprovou nesta semana as primeiras medidas de ajuste fiscal encaminhadas pelo governo federal. O presidente Lula (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), já indicam, porém, a apresentação de novas propostas em 2025.
Lula mencionou o corte de gastos ao publicar nessa sexta-feira (20) um vídeo ao lado de Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do Banco Central em janeiro. Na gravação, o petista arma estar convicto de que estabilidade econômica e combate à inação são as chaves para garantir o poder de compra dos brasileiros.
“Tomamos as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal e seguiremos atentos à necessidade de novas medidas”, disse o presidente.
Horas antes de o vídeo ir ao ar, Haddad participou de um café da manhã com jornalistas, em Brasília, durante o qual defendeu uma permanente revisão de despesas. Ele declarou que o pacote apresentado neste m de ano “não é o suficiente”.
“Ou eu mandava agora para aprovar uma primeira leva de ajustes ou deixava um pacote mais robusto para o próximo ano, o que geraria mais incerteza”, resumiu. “Melhor submeter ao Congresso o que está pacificado entre os ministérios, o Legislativo, os deputados e os senadores da base, do que esperar para ter uma coisa mais robusta.”
Haddad afirmou ter desenhado outras iniciativas de contenção de despesas, mas ressaltou ter sido necessário um
trabalho de convencimento no governo. Ministros, por óbvio, tentavam minimizar eventuais perdas orçamentárias em suas pastas.
“Lutei por mais. Todo mundo sabe. O papel da Fazenda é esse, mas existe uma mediação que passa por outros ministérios e o Congresso.”
Café da manhã
No café da manhã, Haddad também disse ser preciso mirar a sustentabilidade das contas públicas, a m de evitar um
“desarranjo”. “Acredito que o Executivo, em qualquer esfera de governo, seja uma prefeitura, seja um estado, tem que ter como prática a revisão de gastos”, acrescentou. “Não deveria ser algo extraordinário ou surpreendente.”
O Congresso Nacional desidratou parte das propostas de ajuste enviadas pelo governo. Ainda assim, a Fazenda avalia
ser possível economizar 69,8 bilhões de reais nos próximos anos, frente a uma estimativa inicial de 71,9 bilhões.
Parte do mercado financeiro avaliou como tímido o pacote fiscal, supostamente uma das razões para a disparada na
cotação do dólar desde o mês de novembro. A exemplo do que ocorreu na quinta-feira (19), a moeda americana
fechou essa sexta-feira em queda, desta vez de 0,81%, a R$ 6,07. O Banco Central injetou mais 7 bilhões de dólares no mercado nessa sexta, em três leilões, para conter o movimento da moeda. As informações são da Carta Capital.