Sábado, 12 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de abril de 2025
O preço da gasolina depende de fatores naturais, econômicos, políticos e de infraestrutura. No Brasil, donos de carros e veículos movidos ao combustível viram o preço médio da gasolina revendida nos postos de abastecimento aumentar cerca de 24% de janeiro de 2023 a abril de 2025.
De acordo com a Petrobras, a gasolina brasileira tem a incidência de impostos federais (CIDE e PIS/COFINS) e estadual (ICMS), além do custo provocado pelo acréscimo obrigatório de etanol anidro, um tipo de álcool que reduz a emissão de poluentes causados pela queima de combustíveis e que ajuda na resistência da gasolina à pressão do motor.
Há, ainda, o preço estabelecido por cada distribuidor e revendedor, o que altera o valor que o consumidor final paga.
Os preços da gasolina subiram desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Economista e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires comenta que, com a volta do governo Lula, houve uma alteração de praxe na política de controle de preços da Petrobras, o que influencia “a contenção ou os atrasos no repasse dos preços internacionais ao mercado interno”.
Com isso, no governo “Lula III”, o presidente propõe o que ele mesmo chama de “abrasileiramento” dos valores da gasolina e dos demais combustíveis, o que significa que ele intervém na política de preços da Petrobras, mas também dá liberdade para a empresa precificar de acordo com critérios internos, uma estratégia comercial pouco transparente ao mercado e ao público consumidor.
É importante ressaltar que, somado a esse fator, houve o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) cobrado e definido por cada estado brasileiro, o que também eleva o valor do combustível.
Pires alega que a alta da gasolina pressiona o orçamento dos usuários de carros particulares, principalmente dos que vivem em regiões de difícil acesso.
“Qualquer aumento do preço do derivado [do petróleo, como a gasolina ou diesel], é sentido diretamente pela população, o que pesa fortemente em suas avaliações sobre a administração responsável, sendo um fator decisivo na popularidade de governantes”, disse Pires.
Governo Dilma
Os preços começaram a subir durante o governo de Dilma Rousseff justamente pelos fatores contrários: a economia mundial estava instável, a política externa estava abalada, o câmbio estava desfavorável para o Brasil e o preço do petróleo aumentou.
Rodrigues lembra que a Petrobras estava em um momento em que precisava comprar petróleo estrangeiro a preços elevados e vender no mercado interno com valores menores para minimizar os danos aos consumidores brasileiros, o que causou prejuízos à companhia.
Já no governo de Michel Temer, a política de redução de intervenção na Petrobras começou a vale, permitindo que a empresa seguisse as regras de mercado internacional e estabelecesse valores de acordo com o Preço de Paridade de Importação (PPI), uma política própria da Petrobras, com base nos cálculos feitos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que teve início em 2026 e fim oficial em 2023-0 PPI levou a um aumento nos preços dos combustíveis, uma das causas da greve dos caminhoneiros, em maio de 2018. O movimento, que culminou na demissão de Pedro Parente da Presidência da Petrobras, conseguiu flexibilizar a fórmula.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, houve aumento exponencial da gasolina devido à pandemia e à decisão oscilante do ex-presidente de Intervir ou não na política de preços da Petrobras de acordo com o “calor político”. Quando havia algum conflito durante o mandato, Bolsonaro deixava a função a cargo dos presidentes da Petrobras, que seguiam a política de PPI. Por outro lado, uma das medidas do ex-presidente para baixar os valores da gasolina foi zerar o ICMS, o que gerou desconforto entre os governadores.
“Em qualquer país do mundo, quando os preços sobem, a popularidade do governo e do governante caem na mesma proporção. No Brasil, o presidente usa uma ferramenta política que não deveria usar, mas acaba usando, que é a Petrobras. Os governantes usam o caixa e o poderia da companhia para interferir nos preços e, de alguma forma, segurar os preços, a inflação e os números do próprio governo”, declara Rodrigues.