Quarta-feira, 16 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2025
O Placar da Anistia do Estadão – levantamento exclusivo para identificar como cada um dos deputados se posiciona sobre o tema – mostra que 99 deputados que integram partidos da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são favoráveis ao perdão aos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro. Grande parte deles integra siglas do Centrão e está alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na Esplanada, MDB, PP, PSD, Republicanos e União Brasil comandam 11 dos 39 ministérios. Dos 241 deputados das cinco siglas, 99 são favoráveis à anistia (41% da soma de todas as bancadas). Os parlamentares da base que apoiam o tema, encabeçado por Bolsonaro, representam quase a metade de todos os defensores que, como mostrou o Placar do Estadão, alcançou 200 votos.
Por outro lado, 16 dos 241 deputados já adiantaram que devem votar contra a medida. Esses parlamentares representam 13% dos 127 que manifestaram rejeitar a proposta de perdão aos golpistas. A oposição ao tema é praticamente composta pelo PT, partido de Lula, e pelo PSOL.
Depois do PL de Bolsonaro, o União Brasil é o partido com mais apoiadores da anistia, com 25 deputados favoráveis ao projeto. A sigla tem três ministérios no governo Lula, Integração Nacional e Turismo e Comunicações. Em relação à última pasta, o deputado Juscelino Filho (União-MA) pediu demissão nesta terça-feira, 8, e deve ser substituído por outro filiado ao partido.
A bancada do União tem 59 deputados, sendo a terceira maior da Câmara. Além dos 25 parlamentares favoráveis à anistia, outros 19 não quiseram responder e 13 não deram retorno. Apenas dois rejeitaram o perdão aos golpistas de 8 de Janeiro: Daniela Carneiro (RJ) e Luciano Bivar (PE). Ivan Junior (MA) também se manifestou contra a proposta ao Estadão, mas ele deixa o mandato por ser suplente de Juscelino Filho.
Depois do PL e do União, a maior concentração de apoio está no PP, do ministro do Esporte, André Fufuca. Na bancada, 23 são favoráveis à anistia, 14 não quiseram responder e 11 não deram retorno. Somente dois são contrários: Fausto Pinato (SP) e Mersinho Lucena (PB).
O Republicanos, que comanda o Ministério de Portos e Aeroportos com Silvio Costa Filho, é a terceira legenda com mais defensores da anistia, com 19. Outros 12 não quiseram responder e dez não deram retorno. Apenas dois deputados são contra: Antônia Lúcia (MA) e Murilo Galdino (PB).
Partido que comanda os ministérios do Planejamento, das Cidades e dos Transportes, o MDB tem 19 deputados favoráveis à anistia. Os que se recusaram a responder foram dez, e 15 não deram retorno. Somente Emanuel Pinheiro Neto (MT) e Hildo Rocha (MA) rejeitaram apoiar o perdão aos vândalos.
Bolsonaro disse que o PSD, comandado por Gilberto Kassab, vai apoiar a anistia se ela for votada no plenário. O partido, contudo, diz que liberou cada deputado para se posicionar sobre o assunto. Entre os parlamentares da sigla, 15 são a favor do perdão e sete são contrários. É a legenda do Centrão com maior divisão sobre o projeto. Outros dez não quiseram responder e 12 não retornaram.
O tema da anistia começou a ganhar tração no Congresso Nacional no ano passado, quando Bolsonaro passou a defender o benefício aos presos do 8 de Janeiro.
O projeto de autoria do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), texto com tramitação mais adiantada na Câmara, também abre brecha para favorecer o ex-presidente. A lei que pode abranger pessoas que participaram de eventos antes ou depois de 8 de janeiro de 2023, que tenham conexão com os atos daquele dia.
No último dia 26, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou Bolsonaro e sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Na denúncia elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente é apontado como líder de uma trama que culminou no 8 de Janeiro.
Todos os líderes dos cinco partidos que integram a base, mas que tem deputados que apoiam a anistia, se recusaram a responder se pretendem votar a favor ou contra o tema no Placar do Estadão. Os parlamentares do Centrão não acreditam que a proposta vai ser votada, apesar da pressão feita por Bolsonaro na manifestação realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo (6).
Segundo líderes e integrantes do Centrão, o discurso do pastor evangélico Silas Mafalaia, aliado de Bolsonaro, com ataques ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi um “tiro no pé”. Eles avaliam que a aprovação da anistia empoderaria ainda mais o PL, que já tem a maior bancada da Câmara e faturou algumas das principais comissões parlamentares, carregadas de emendas em 2025. (Com informações do Estado de S. Paulo)