Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2024
Há uma semana, o mundo se despediu de um importante ciclo da história da monarquia europeia. Dois dos mais longevos reinados do continente acabaram nos últimos anos: Margrethe II e Elizabeth II, que governaram a Dinamarca e o Reino Unido por 52 e 70 anos, respectivamente, saíram de cena. Agora, com os tronos das famílias reais da Europa ocupados por reis como Charles III, Frederik X e Felipe VI de Espanha, as casas monárquicas se preparam para um novo ciclo, marcado por uma mudança geracional e de gênero.
Cinco países da Europa — Suécia, Espanha, Holanda, Bélgica e Noruega — têm mulheres na linha de sucessão. Com exceção da princesa Ingrid Alexandra, da Noruega, que aparece na linha depois de seu pai, Príncipe Haakon, todas são herdeiras diretas e, portanto, as próximas a serem coroadas. Para especialistas, esse futuro feminino na liderança das famílias reais representa um grande potencial de transformação, especialmente na abordagem de pautas mais progressistas e no comportamento, já que quatro delas pertencem à geração Z.
“O fato de estarmos vendo mais mulheres subindo ao trono é, em parte, sorte em termos do nascimento de princesas, mas também reflete mudanças nas leis de sucessão que dão às mulheres direitos de primogenitura igual — que o primeiro filho do governante se torne o próximo monarca, independentemente do sexo”, afirma Ellie Woodacre, especialista em realeza e estudos reais na Universidade de Winchester.
Dos cinco países que possuem mulheres ocupando posições primárias da linha de sucessão do reinado, três passaram por mudanças recentes nas regras de linhagem. Em 1980, a Suécia alterou sua lei de sucessão, permitindo que a filha mais velha do monarca herdasse o trono, independentemente de ter irmãos homens. A mesma mudança ocorreu em 1990 na Noruega e em 2013 na Holanda.
Futuras rainhas
Na Suécia, quem assumirá o trono é a princesa Victoria, de 46 anos, que sucederá ao rei Carl XVI Gustaf e se tornará a primeira rainha do país em quase 300 anos. Victoria beneficia de grande popularidade no seu país. Já com uma agenda ativa de compromissos reais, ela frequentemente se envolve em questões climáticas e de paz internacional. Embora seja a mais velha do próximo ciclo de rainhas, ela também tem como sucessora uma mulher de geração Z, a princesa Estela, nascida em 2012.
Na vizinha Noruega, a princesa Ingrid Alexandra, de 19 anos, é a sucessora mais próxima do rei Harald V, depois de seu pai, o príncipe Haakon, de 50. Embora ela ainda não cumpra uma agenda oficial da realeza, pois está focada nos estudos, desde 2022 ela já conta com um escritório próprio no Palácio Real. Publicamente, ela afirma que tem muito interesse na proteção ambiental e nas questões climáticas.
A princesa Leonor, da Espanha, de 18 anos, é próxima rainha, depois do reinado de Felipe VI. Ela será a primeira mulher a assumir a liderança do Estado e das Forças Armadas desde Isabel II (1833-1868). Leonor, que já cumpre alguns deveres oficiais e é considerada hoje a figura mais popular da realeza, representa para a Espanha um ar de renovação para a coroa, depois de uma crise de reputação que envolve desde alegações de corrupção de seu avô, o ex-rei Juan Carlos, até turismo vacinal na época de covid.
A Princesa de Orange da Holanda, Catharina-Amalia, de 20 anos, é a mais velha das três filhas do rei William Alexander. A princesa ainda tem uma vida de deveres oficiais limitada, já que desde 2022 mora em Amsterdã para fazer faculdade. Porém, já conquistou a simpatia dos holandeses para assumir como rainha, especialmente pela sua simplicidade. Durante a crise econômica do país, ela abriu mão de seus subsídios reais e tirou um ano sabático, onde trabalhou em um bar na praia de Haia. Também chamou a atenção por abordar publicamente temas como saúde mental e apoio ao público LGBTQIAP+.
A princesa Elizabeth da Bélgica, de 22 anos, é a filha mais velha do rei Filipe I e da rainha Mathilde. Ela será a primeira mulher belga a reinar o país. A jovem, que estuda História e Política em Oxford, herda do seu pai um desafio histórico da família real belga, que é ter um papel mais unificador e representativo do país conhecido pelo separatismo entre os falantes de flamengo e de francês. A monarquia belga é frequentemente criticada pelos separatistas flamengos.