Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de março de 2023
As vendas de cannabis medicinal nas farmácias brasileiras saltaram mais de 300% no ano passado, em meio à maior oferta de produtos, que já se reflete em redução do preço médio, e à crescente adesão de médicos às terapias com canabinoides no País.
Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCann), com base em dados da IQVIA, que audita o varejo farmacêutico, foram comercializadas 155,8 mil unidades entre janeiro e dezembro do ano passado, contra 38,6 mil unidades em 2021.
As importações também cresceram em 2022, quase 100% com base no número de novos pacientes que optaram por esse modelo de acesso a produtos à base de cannabis. A partir de dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), obtidos via Lei de Acesso à Informação, a BRCann aponta que, no ano passado foram solicitadas 79.995 novas autorizações para importação, frente a 40.070 em 2021.
De acordo com o diretor executivo da BRCann, Tarso Araújo, era esperado que as vendas no varejo farmacêutico fossem crescer mais que a importação, embora não seja possível comparar diretamente os dados. “O varejo cresce porque o número de empresas aumentou significativamente e pelo fato de esse canal de vendas ser o meio tradicional de compra”, explica.
A partir da publicação da resolução (RDC) 327 da Anvisa, que estabeleceu as regras para distribuição de produtos à base de cannabis no país no fim de 2021, o número de autorizações sanitárias para oferta nas farmácias se acelerou. Atualmente, há 25 produtos autorizados, dos quais nove disponíveis, de fato, nas drogarias. Portanto, há pelo menos 14 produtos em vias de chegar às farmácias.
Conforme Araújo, a redução do preço médio dos produtos também era prevista e essa tendência deve se manter, diante do aumento da concorrência. “Embora não haja perspectiva de redução de custos com matéria-prima e manufatura, o ganho de escala deve forçar alguma redução de preços”, diz. Ainda assim, o maior volume garantiu alta no faturamento no varejo farmacêutico, de 164% na comparação com 2021, para R$ 63,3 milhões no ano passado.
Mais de 60% das vendas em unidades de cannabis medicinal nas farmácias brasileiras corresponderam a um produto da Prati-Donaduzzi, por enquanto a única com produção local, com baixa concentração de canabidiol (20 miligramas por mililitro) e preço mais acessível. Além da Prati, nomes como Biolab, VerdeMed, GreenCare e Ease Labs têm produtos em grandes redes de farmácias no país.
Apesar da queda no preço médio do produto vendido nas farmácias, a cannabis medicinal importada ainda é mais barata para os pacientes brasileiros. O elevado peso dos impostos locais – o importado é entregue no país sem recolhimento de tributos – e o custo de distribuição no varejo contribuem para a diferença nos valores praticados. Outro ponto a favor da importação é a possibilidade de acessar mais produtos, como pomadas ou compostos, que são vetados no varejo pela RDC 327.
O setor ainda enfrenta desafios importantes, reconhece Araújo, como a resistência de alguns setores das classes médicas e a ampliação da oferta de óleos artesanais, produzidos sem o controle de qualidade adequado.