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Vendas do Brasil para a Argentina despencam 33%

A desvalorização de 54% do peso argentino na virada do ano, promovida pelo governo argentino para conter a inflação. (Foto: Reprodução)

A exportação para a Argentina somou 5 bilhões de dólares de janeiro a maio deste ano, com queda de 33,1% em comparação ao mesmo período ano passado. Os embarques representaram 3,61% do envio total brasileiro, a menor fatia para o período da série brasileira de exportações desde 1997. A menor participação, até então, havia sido em 2020, quando o país vizinho foi destino de 3,71% do valor embarcado pelo Brasil.

Considerando apenas o mês de maio, a exportação brasileira para a Argentina caiu 42,7%. Os embarques foram de apenas 1,1 bilhão de dólares e os argentinos acabaram sendo ultrapassados pela Espanha no ranking do mês de países que mais compram do Brasil. Para os espanhóis, foram vendidos 1,51 bilhão de dólares em produtos brasileiros em maio.

No acumulado dos cinco meses, a Argentina ainda é o terceiro país de destino dos embarques brasileiros. Automóveis e partes e peças de veículos são os produtos brasileiros mais exportados aos argentinos, itens que representam 24% do valor embarcado.

As importações brasileiras de produtos argentinos ficaram praticamente estáveis, com total de 5 bilhões de dólares de janeiro a maio e alta de 1,2% em relação a igual período de 2023. O déficit da balança brasileira com o país vizinho foi de 0,02 bilhão de dólares.

Queda nas vendas

A desvalorização de 54% do peso argentino na virada do ano, promovida pelo governo argentino para conter a inflação e assegurar uma nova ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional), encareceu as importações e afetou a indústria brasileira, que vê no mercado argentino um cliente importante para seus produtos manufaturados.

No primeiro quadrimestre, segmentos importantes da indústria tiveram queda nas vendas. No de partes e acessórios de veículos automotivos, por exemplo, a queda foi de 25%; no de automóveis de passageiros, de 22,1%; no de papel e cartão, de 33,6%; e em motores de pistão, de 23,9%.

O economista Rafael Cagnin, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), lembra que, além da fase de ajustamento contracionista para tentar conter a inflação, a instabilidade do mercado argentino adia ou bloqueia decisões de compra, especialmente no ramo automobilístico, que exige condições adequadas de financiamento e confiança dos consumidores.

Além disso, a concorrência chinesa exerce pressão sobre os mercados latino-americanos em geral, ainda mais diante do aumento de barreiras comerciais nos Estados Unidos, o que inclui veículos, diz Rafael Cagnin. As informações são do Valor Econômico e do portal Terra.

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