Quinta-feira, 02 de janeiro de 2025
Por Tito Guarniere | 10 de agosto de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Lula se enrola nas contradições, se perde nas declarações. O Brasil não está mal sob o seu governo. Mas ele gasta capital político e perde popularidade e prestígio (ou deixa de ganhar) por causa das suas obsessões que são, em geral, as obsessões da esquerda.
O que ele ganha com a verdadeira paixão que Lula nutre por Maduro? De Maduro, Lula aceita até desaforo. O presidente não é tão cabeçudo que acredite na lisura das eleições venezuelanas, na correção e na imparcialidade do tribunal eleitoral da Venezuela. Hoje, está provado à exaustão que naquele país fizeram um arrastão de votos, que subverteu a vontade popular: uma trapaça colossal. Bateram a carteira dos venezuelanos nas eleições.
Diz essa figura lamentável que é Celso Amorim que a oposição não provou a fraude. Não é verdade. Poucas vezes na história moderna, desde que existem eleições, uma fraude foi mais evidente e escancarada.
As oposições venezuelanas foram aprendendo, em todos estes anos de bolivarismo, desde Chávez, como se procedia e processava a farsa eleitoral – foram entendendo a lógica e tapando os furos da do maracutaia.
Uma das trampas era manipular os boletins das seções eleitorais, invertendo os resultados no processo de totalização. Assim, 30 mil folhas de resultados de cada uma das 30 mil seções eleitorais, na ponta final do sistema, eram guardadas a sete chaves pelo famigerado Conselho Nacional Eleitoral, e manejadas pelas autoridades eleitorais do regime, o mais possível longe de auditores independentes, ou de fiscais dos partidos da oposição.
Nesta eleição, as oposições se organizaram: mesários e secretários honestos das secções eleitorais, guardaram para si uma cópia do respectivo boletim, independente da via encaminhada ao CNE. Desta forma, em breve tempo fizeram chegar cerca de 80% de cópias dos boletins às mãos da oposição. Pouco depois alcançaram 90% das urnas. Numa palavra a oposição fez uma apuração paralela dos votos, a partir dos dados reais das urnas.
É por essa razão que Maduro não mostra os boletins: o que ele mostrar será confrontado com as cópias dos boletins obtidos pelas oposições, escancarando de vez a pantomima. Não adiantará falsificar os boletins para ajustá-los aos resultados divulgados pelo governo, como devem estar fazendo: um olhar simples, a olho nu, denunciará a farsa.
A vitória de Maduro, anunciada pelo organismo eleitoral venezuelano rapidamente, foi uma manobra simples: “matemáticos” do regime definiram por antecipação e arbitrariamente percentuais suficientes para garantir a vitória de Maduro, aplicaram sobre o total dos votos e divulgaram o “resultado”. Uma lambança.
Pois é nessa lambança que o governo brasileiro passa o pano, relativiza, tergiversa, e ,em última análise, autêntica e dá fé. Em nome de que? Todos os pretextos do governo Lula são ralos, pueris e esfarrapados.
Além das críticas dos setores democráticos, Lula, o PT e o governo têm de ouvir a censura hipócrita do bolsonarismo. Deve ser incômodo. Os mesmos que ontem, na calada da noite e à luz no dia, tramaram o golpe que parou em 8 de janeiro de 2023, agora são os empedernidos defensores da democracia.
(titoguarniere@terra.com.br)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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