Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2024
O governo da Venezuela voltou a subir o tom contra o Brasil e acusou o Itamaraty de tentar “enganar” a comunidade internacional. O novo ataque ocorre um dia após o governo Luiz Inácio Lula da Silva denunciar um “tom ofensivo” de Caracas em meio às crescentes tensões diplomáticas.
Um comunicado divulgado no sábado (2) pelo ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, disse que o Itamaraty “está tentando enganar a comunidade internacional, fazendo-se passar por vítima em uma situação em que claramente agiu como agressor”.
“O Itamaraty empreendeu uma agressão flagrante e grosseira contra o presidente constitucional, Nicolás Maduro Moros, instituições e poderes públicos”, acrescentou o documento. Procurado, o Itamaraty não se manifestou até o momento.
As tensões bilaterais escalaram após o veto do Brasil à entrada da Venezuela no Brics, bloco de economias emergentes, e aos questionamentos do governo brasileiro sobre a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos (2025-2031), em meio a denúncias de fraude da oposição.
“O governo brasileiro registra com surpresa o tom ofensivo adotado” pelas ‘autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e seus símbolos nacionais’, disse um comunicado do Itamaraty na última sexta-feira (1°).
O governo Lula tem se negado a reconhecer Maduro como vencedor das eleições de 28 de julho passado caso não seja publicado uma análise detalhada do pleito. A oposição reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia.
As tensões se intensificaram ainda mais após o veto brasileiro ao acesso da Venezuela ao Brics na semana passada, durante a cúpula do bloco em Kazan, na Rússia.
Como consequência, o governo venezuelano chamou para consultas seu embaixador em Brasília e convocou o encarregado de negócios do Brasil em Caracas.
Maduro acusou o Itamaraty de “conspirar contra a Venezuela”, embora tenha evitado responsabilizar diretamente o presidente Lula pelo veto no Brics.
No entanto, em um sinal de aumento das tensões, a Polícia Nacional da Venezuela (PNB) publicou na quinta-feira uma imagem no Instagram com um rosto sombreado semelhante ao de Lula e uma bandeira do Brasil com a legenda: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”.
A postagem, porém, foi apagada. A PNB é chefiada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, membro da ala mais dura do chavismo.
O recado não citava Lula diretamente. “Nossa pátria é independente, livre e soberana. Não aceitamos chantagens de ninguém, não somos colônia de ninguém”, dizia a publicação.
O comunicado deste sábado, que também não menciona Lula, pede ao Itamaraty que “desista de interferir em assuntos que só dizem respeito aos venezuelanos”. As informações são da agência de notícias AFP.