Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2024
A jornalista venezuelana Carmela Longo saiu da prisão em Caracas na tarde dessa segunda-feira (26), após ter sido detida no domingo (25), ao lado de seu filho. Carmela participou de uma audiência perante à Justiça, onde foi formalmente acusada pelos delitos de “incitação ao ódio” e “terrorismo”.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa do país (SNTP), “a jornalista está proibida de deixar a Venezuela, bem como não pode fazer declarações [públicas] e escrever sobre o seu caso [na imprensa]”.
A prisão de Carmela foi a nona no país contra profissionais da imprensa desde as eleições de 28 de julho.
Ela e seu filho foram detidos por policiais que teriam invadido a casa onde eles moram, segundo o sindicato, que vinha monitorando o caso. Carmela Longo é especializada em cobrir celebridades e muito conhecida no país.
O sindicato havia anunciado as prisões em uma publicação na rede social X, antigo Twitter. “Efetivos da Polícia Nacional levaram a jornalista e seu filho”, afirmou, após informar sobre uma operação na residência de Carmela mais cedo.
A casa de Carmela já havia sido invadida anteriormente e os agentes do governo de Nicolás Maduro confiscaram computadores da jornalista. Apesar das denúncias de fraude pela oposição, as autoridades eleitorais venezuelanas confirmaram Maduro como vencedor do pleito.
“Registro com preocupação a detenção da jornalista Carmela Longo”, afirmou Pedro Vaca, relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). “Continua a repressão contra o jornalismo na Venezuela. A comunidade internacional que acredita na democracia deve condenar a repressão e exigir a libertação das pessoas detidas”, escreveu em sua conta no X.
Os protestos realizados após o questionado resultado das eleições na Venezuela já deixaram ao menos 27 mortos, sendo dois militares, cerca de 200 feridos e mais de 2.400 detidos. Maduro os classifica como “terroristas”.
A detenção de Carmela ocorre depois que a jornalista informou, na terça-feira passada, dia 20 de agosto, sobre sua demissão do jornal Últimas Noticias, de linha chavista, onde trabalhou por quase duas décadas. Antes de ser vendido, em 2013, o jornal era crítico do chavismo.
O SNTP já denunciou a demissão de dezenas de trabalhadores de meios de comunicação estatais por interações em redes sociais a favor da oposição. Maduro acusa seus rivais de usar as redes para lançar “campanhas de ódio” e ordenou o bloqueio da plataforma X. As informações são das agências de notícias Ansa e AFP e do jornal O Estado de S. Paulo.