Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de janeiro de 2018
O governo venezuelano confirmou nesta terça-feira (16) a morte do ex-policial e piloto Óscar Pérez, que no ano passado atacou prédios governamentais usando um helicóptero, em operação policial realizada nesta segunda na periferia de Caracas.
Na operação para o “desmantelamento de um perigoso grupo terrorista”, 7 pessoas do grupo foram mortas e 6 detidas, disse o ministro do Interior da Venezuela, Néstor Reverol. Dois policiais também morreram nos confrontos.
No Twitter, o Ministério do Poder Popular para Relações Interiores, Justiça e Paz divulgou os nomes e as fotos dos mortos. “Durante as ações de desmantelamento, terroristas abriram fogo contra os funcionários, que procederam segundo os protocolos definidos para neutralizar o grupo de agressores, com saldo de 7 terroristas mortos”, diz o post.
A CNN havia reportado a morte de Pérez na segunda, segundo fontes anônimas.
Vídeos
Pérez, piloto e ator amador de 36 anos que deu toques de ficção à crise venezuelana, publicou vídeos durante a operação em que aparecia com o rosto ensanguentado e detalhava que foram cercados em uma estrada de El Junquito, a 25 quilômetros a noroeste de Caracas.
“Estão disparando contra nós com lança-granadas e atiradores de elite. Dissemos que íamos nos entregar e não querem deixar que nos entreguemos, querem nos matar”, disse em um vídeo.
Em outro, Pérez disse que havia vários feridos no local onde estavam encurralados e que também havia civis, entre eles mulheres e crianças. “Por que atiram? Há pessoas inocentes”, gritou.
“Quero pedir à Venezuela para que não desfaleçam, lutem, saiam às ruas. É hora de sermos livres e só vocês têm o poder agora”, afirmou em postagem.
O ex-policial enviou uma mensagem aos seus três filhos em que diz que suas ações contra o governo foram tomadas por eles e pelas crianças da Venezuela que estão sofrendo com a severa crise econômica, política e social.
Armas de alto calibre
De acordo com o governo, Pérez e seus homens “estavam fortemente equipados com armamento de alto calibre, abriram fogo contra os funcionários encarregados de sua captura”.
O Ministério de Interior acrescentou que os homens “tentaram detonar um veículo carregado de explosivos”. “Os policiais foram atacados quando estavam negociando as condições para sua entrega e resguardo”, destacou.
Acusação
Em 27 de junho, Pérez e outros homens não identificados sobrevoaram Caracas em um helicóptero da Polícia Forense, lançaram granadas contra o Tribunal Supremo de Justiça e dispararam contra o Ministério do Interior, sem deixar vítimas.
A ação ocorreu em meio à onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro que deixou 125 mortos entre abril e julho de 2017.
O piloto, que desde então publicou vários vídeos nos quais diz lutar contra a “narcoditadura” e “tirania” na Venezuela, é acusado de “ataque terrorista” pelo governo e tem uma ordem de captura na Interpol.
Em dezembro, atribuíram a ele a autoria da “Operação Gênesis”, que acabou na invasão a uma base militar em Laguneta de La Montaña, povoado do estado de Miranda (Norte), onde foram roubados 26 fuzis Kalashnikov e três pistolas.
Maduro acusou os Estados Unidos de estarem por trás do ataque e pediu à Força Armada “tolerância zero com os grupos terroristas” e para afastá-los com “chumbo”.