O governo da Venezuela está reivindicando 70% do território atual da Guiana. Isso se deve pela descoberta recente de petróleo offshore (no mar da localidade) na região reclamada, acende o alerta para uma disputa na fronteira do Brasil. A região de Essequibo faz fronteira com Roraima, através de uma ponte que liga a cidade brasileira de Bonfim à guianesa de Lethem. As propostas de Maduro incluem a criação do Estado de Guiana Essequiba e um plano para conceder cidadania venezuelana aos seus habitantes.
O interesse por Essequibo, região de Guiana, tem mais de dois séculos de disputas e tentativas frustradas de acordos diplomáticos. O presidente da Venezuela Nicolás Maduro tem mesclado mensagens em prol de uma solução negociada com de tom bélico. Enquanto Bharrat Jagdeo, vice-presidente da Guiana, afirmou em entrevista que está se preparando para o pior e que o governo está trabalhando com parceiros para reforçar a “cooperação de defesa”.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu “bom senso” das partes envolvidas na resolução do conflito territorial. Muitos brasileiros visitam, trabalham e mantêm negócios do outro lado da fronteira. O Ministério da Defesa acompanha a situação e aumentou a presença de militares nas fronteiras com os dois países.
Essequibo, localizada à esquerda da margem do rio que leva o mesmo nome, conta com 159.500 km² de área, cerca de 70% do território atual da Guiana, em grande parte uma região coberta por floresta. No total, o território da Guiana soma 214.969 km². Enquanto isso, a Venezuela tem um território de 916.445 km² atualmente.
Sobre população, são 794 mil habitantes na Guiana, sendo que Essequibo concentra 120 mil desses moradores, representando um terço da população. A Venezuela, por sua vez, conta com 26,5 milhões de habitantes. Os dados são do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A Venezuela, de acordo com o FMI, teve um crescimento de 15% do PIB, e chegou a US$ 196 bi em 2022 sem descontar a inflação. A previsão para este ano é que suba para US$ 211 bilhões.
Ainda segundo o FMI, o PIB da Guiana atingiu US$ 33,8 bi, um crescimento de mais de 70% sem descontar a inflação, e a previsão para 2023 é que a economia atinja um valor de US$ 48,51 bi.
Em termos reais, a Guiana teve a economia que mais cresceu no mundo em 2022, com uma alta de 62% em relação ao ano anterior, e deve passar de 38% neste ano.
“No futuro, a produção de petróleo continuará crescendo rapidamente, à medida que quatro novos campos entrarão em operação até o final de 2028. O crescimento do PIB não relacionado diretamente ao petróleo também é esperado, à medida que o governo continua a investir em capital humano, custos menores de energia e infraestrutura, inclusive para adaptação às alterações climáticas”, escreveu o FMI.
Neste ano, a projeção de crescimento guianense, levando em consideração as atuais fronteiras geográficas, é uma média de 20% ao ano até 2028.
Em relação ao poderio militar, o governo de Maduro é o 6º país no mundo que mais investe na área militar, segundo o The World Factbook, da agência de inteligência americana, a CIA. O exército venezuelano tem entre 125 mil e 150 mil militares na ativa.
Do outro lado da fronteira, a Guiana está na 152ª posição de 166 países na lista de maiores investimentos na área militar, ainda de acordo da CIA, que aponta para apenas 3 mil militares na ativa no Exército local.