Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2023
A localidade de Essequibo engloba 70% do território da Guiana e é disputado pelos dois países.
Foto: ReproduçãoAtento, a possibilidade de um conflito na América do Sul, o Exército brasileiro vai enviar 28 veículos blindados para a região da fronteira com a Venezuela após escalada de tensão relacionada à disputa entre Venezuela e Guiana pelo território de Essequibo, em posse da Guiana. O movimento na região aumentou após o governo de Nicolás Maduro aprovar, em referendo no domingo (3), a proposta para criar um novo estado em Essequibo. A localidade engloba 70% do território da Guiana e é disputado pelos dois países.
O território de Essequibo é disputado pela Venezuela e Guiana há mais de um século e desde o fim do século 19, está sob controle da Guiana. Na Venezuela, a área é chamada de Guiana Essequiba. É um local de mata densa e, em 2015, foi descoberto petróleo na região. Estima-se que existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais significativa é “offshore”, ou seja, no mar, perto de Essequibo.
A estratégia do governo brasileiro é impedir que o território seja usado em um possível conflito. Além dos blindados, serão enviados de 130 a 150 homens que serão incorporados à 1ª Brigada de Infantaria de Selva, que tem cerca de 5 mil homens.
Caso ataque a Guiana, o governo Maduro teria de fazer por meio de mata densa e fechada. Uma opção seria pelo mar.
Todo esse cenário resulta em um custo político alto, na avaliação do professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra Ronaldo Carmona.
“Hoje, o objetivo principal do Maduro é a reeleição e, para lograr isso, ele precisa persistir no caminho da economia. Recentemente, os Estados Unidos levantaram sanções ao petróleo da Venezuela, e se espera uma recuperação econômica com isso. A guerra certamente faria os EUA levantarem essas sanções novamente”, afirmou o professor.
Em simultâneo, o governo americano planeja instalar bases militares em Essequibo, e, na semana passada, enviou militares do alto escalão do Comando Sul das Forças Armadas à Guiana para debater a segurança local. Ou seja, o país não estaria sozinho na disputa.
O professor de política internacional Tanguy Bagdhadhi, cita o fator da imprevisibilidade, um estilo de governo de Maduro, e, portanto, deixa o cenário incerto.
“Existe o risco (de um confronto), sim. Embora o referendo possa ter sido um elemento eleitoral, a imprevisibilidade de um governante de um líder com o Maduro é um fator importante. Ele é pouco transparente também – não há até agora uma divulgação muito clara do que ele pretende fazer com o resultado do referendo, por exemplo”.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que o país busca “construir consensos” e que vai “conseguir recuperar Essequibo”. Ele ainda citou que o resultado do referendo fará o governo “recuperar o que os libertadores nos deixaram”, em referência à reivindicação histórica na Venezuela de que o território era originalmente do país e foi ilegalmente anexado pelo Reino Unido, de quem a Guiana é ex-colônia.
Bharrat Jagdeo, vice-presidente da Guiana, afirmou em entrevista que está se preparando para o pior e que o governo está trabalhando com parceiros para reforçar a “a cooperação de defesa”.
O ministro do Trabalho da Guiana, Deodat Indar, disse, sem dar detalhes, que o governo não vai tolerar nenhuma invasão ao território de seu país.