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“Venha para a Venezuela, para ver se você é mesmo louco”, diz ministro de Maduro ao presidente da Argentina

A Argentina passa por um grande ajuste econômico sob o comando do presidente ultraliberal Javier Milei. (Foto: Reprodução/YouTube)

Após o Ministério Público da Venezuela anunciar que pedirá uma ordem de prisão contra o presidente da Argentina, Javier Milei, o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, fez uma ameaça ao chefe de Estado argentino durante uma transmissão ao vivo do programa de televisão que apresenta a pelo menos uma década.

“Venha aqui para a Venezuela, Milei, dar uma volta. Para ver se é verdade que você é louco”, provocou Cabello, na última quarta (18), ao ler notícias sobre o repúdio argentino ao anúncio da ordem de prisão pela entrega aos Estados Unidos de uma aeronave da Emtrasur, empresa aérea de carga venezuelana.

Cabello também dedicou minutos do seu programa para criticar a política de ajuste fiscal de Milei e repressão policial durante protestos pelo aumento da aposentadoria na Argentina. Apesar das diversas denúncias de repressão e mortes durante os protestos pós-eleitorais na Venezuela, o ministro afirmou que episódios assim não acontecem em seu país.

Perguntado sobre a ameaça ao presidente argentino, o porta-voz da Casa Rosada disse não se importar. “É parte do show de má qualidade de uma ditadura em decadência que prejudicou muito o povo venezuelano”, disse nesta sexta (20) Manuel Adorni, desdenhando também a intenção do governo Maduro de prender funcionários argentinos.

Na última quarta, o Ministério Público da Venezuela anunciou que pedirá a prisão de Milei, da irmã e secretária geral do presidente argentino, Karina Milei, e da ministra argentina da Segurança, Patricia Bullrich pelo confisco e entrega do avião venezuelano.

O Boeing 747 da estatal estava retido no aeroporto de Ezeiza, na grande Buenos Aires, há cerca de dois anos a pedido dos EUA. Após decisão da Justiça Federal argentina, a aeronave foi enviada para a Flórida, em fevereiro deste ano, e acabou destruída.

Os norte-americanos alegavam que o 747 pertenceu previamente à empresa Mahan Air, companhia aérea alvo de sanções por suposta ligação com a Força Quds da Guarda Revolucionária Iraniana, que o Departamento de Justiça dos EUA qualifica como “organização terrorista”.

Na ocasião, a Venezuela acusou a Argentina e os Estados Unidos de promoverem um “roubo descarado” da aeronave. Como resposta, proibiu que aviões de companhias argentinas sobrevoassem seu espaço aéreo.

Em comunicado, a chancelaria argentina disse repudiar as ordens de prisão e que a entrega do avião se deveu a uma decisão judicial. “O governo argentino lembra ao regime venezuelano que na Argentina impera a divisão de poderes e a independência dos juízes, algo que infelizmente não acontece na Venezuela sob o regime de Nicolás Maduro”, alfinetou a nota.

Já a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, qualificou o pedido de prisão como “covarde” e manifestou “apoio absoluto” a Milei, à irmã do presidente e à sua ministra da Segurança. “Maduro novamente demonstra que é um tirano e que nós estamos do lado correto da história. Não temos medo”, escreveu.

O anúncio do MP venezuelano ocorre uma semana depois de a Argentina pedir a prisão de Maduro no Tribunal Penal Internacional (TPI) “diante do cometimento de novos atos que podem ser considerados crimes contra a humanidade”. As informações são da CNN Brasil.

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