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Vera Fischer fala sobre assédio e conta que era capaz de deixar os homens “enojados” para ter paz

Atriz recebeu o Troféu Cidade de Gramado. (Foto: Reprodução)

Não é à toa que Vera Fischer é considerada uma das maiores estrelas da televisão brasileira. Marcada por papéis icônicos nas novelas Mandala, O Rei do Gado, Laços de Família, Senhora do Destino e outras, a veterana de 72 anos precisou percorrer um longo caminho, incluindo o enfrentamento contra o assédio sexual nos sets de gravações.

A atriz compartilhou suas experiências marcantes durante a coletiva de imprensa no Festival de Cinema de Gramado, onde recebeu o Troféu Cidade de Gramado, uma honraria concedida a personalidades que contribuíram para divulgar o nome de Gramado no Festival de Cinema. Vera destacou o árduo caminho que percorreu na carreira, incluindo o enfrentamento do assédio sexual nos bastidores de gravações.

Durante o evento, Vera Fischer revelou como, ainda jovem, desenvolveu maneiras criativas para escapar de situações constrangedoras. “Como sou uma pessoa engraçada, meio infantil, eu sabia sair dessas situações com humor. Dou um exemplo: o diretor da novela tal, carne fresca, se aproximava, tentando fazer charme, me fazendo sentar no colo dele. Eu dizia: ‘Ai, sabe, estou tão menstruada, vem tanto sangue, você tem problema com sangue?'”, contou a atriz.

Vera ainda brincou sobre suas estratégias: “A pessoa desistia na hora. Eu dizia: ‘Tenho um probleminha na genitália, é uma feridinha’… e a pessoa saía correndo. O constrangimento e o assédio existiam, isso te deixa muito humilhada. Mas eu nunca sucumbi. Sempre dava desculpas que deixavam os homens enojados, o que, para mim, era o máximo”.

Novos rumos

Quando questionada sobre sua carreira em novelas, Vera Fischer foi categórica ao afirmar que não sente falta dos folhetins. “A televisão, eu fiz as coisas boas na época em que elas eram boas. Boas minisséries, boas novelas, bons programas. Tudo era muito bem escrito, muito bem dirigido”, afirmou a atriz.

Um grande papel na TV foi a Helena de Laços de Família, a novela de Manoel Carlos, de 2000/2001. Aquela Helena vivia um tórrido romance com Reynaldo Giannecchini, mas desistia dele por um amor maior, pela filha. A personagem de Carolina Dieckmann também era apaixonada por Giane, e mamãe abria mão dele. Nessa era de pautas identitárias, Vera não hesita em definir a novela como feminista.

“Minha Helena engravidava do primo e era expulsa de casa pelo pai. Criava a filha, construía uma empresa, tudo sozinha, sem depender de nenhum homem. E não odiava o pai pelas atitudes dele. Quando a filha se revelava portadora de câncer e necessitada de um transplante em família, Helena corria atrás do primo, fazia outro filho com ele, e sem explicar a complexidade da situação. Faz o que eu faria na vida.”

Embora tenha deixado claro que não tem mais interesse em participar de novelas, Vera revelou que está aberta a novas oportunidades, especialmente em produções voltadas para plataformas de streaming.

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