Sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de fevereiro de 2023
Lavar bem as frutas e verduras para retirar os resíduos orgânicos é uma das medidas de prevenção.
Foto: ReproduçãoNa estação mais quente do ano, é preciso ter atenção redobrada ao se consumir alimentos e água. Nesta época, casos de intoxicação causada por bactérias ou vírus que podem sobreviver nesses ambientes são mais comuns. Por isso, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) alerta para alguns cuidados que podem evitar problemas intestinais.
“No verão, a temperatura é mais propícia para a proliferação de micro-organismos. É no calor que eles mais gostam de se multiplicar”, explica a coordenadora do Programa Estadual de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Lilian Borges Teixeira. “As pessoas mais vulneráveis em geral são as crianças, idosos e imunocomprometidos”, alerta.
Essas contaminações podem levar a doenças diarreicas agudas, caracterizadas por três episódios ou mais de diarreia em 24 horas, que podem estar ou não associados a outros sintomas, como náusea, vômito ou dor abdominal. Elas podem ser causadas pelo consumo de água ou alimento contaminado e, em um segundo momento, ocorrer a transmissão de pessoa a pessoa, em caso de secreções respiratórias ou transmissão fecal-oral, por exemplo.
Quando duas ou mais pessoas consomem alimentos ou água contaminados da mesma origem se caracteriza um surto. Nesses casos, é importante que se faça a notificação nos canais de comunicação oficiais, como o Disque Vigilância do Estado (telefone 150) ou os serviços de vigilância de cada município. Lilian relata que, a partir do momento em que há a notificação, é desencadeada uma série de ações para investigar a causa do surto e evitar que novos casos aconteçam.
De acordo com a epidemiologista Amanda Brito de Freitas, os sintomas podem durar entre três e 14 dias. Em caso de adoecimento, a especialista recomenda: ingerir bastante água para evitar a desidratação; alimentar-se de forma leve e balanceada para regular a flora intestinal; não se automedicar e buscar ajuda médica, caso persistam os sintomas.
Entre 2017 e 2022, foram registrados 222 surtos de doenças de transmissão hídrica e alimentar e 163 de doenças diarreicas agudas no Rio Grande do Sul. Os principais causadores dos surtos registrados no estado durante o período foram as bactérias Estafilococos coagulase positivo (encontradas na pele) e Escherichia coli (encontradas nas fezes). Ambas estão relacionadas à manipulação inadequada dos alimentos e à falta de higiene das mãos.
Os micro-organismos foram encontrados mais frequentemente em alimentos mistos, que envolvem muitos ingredientes e várias etapas de produção, e em cereais ou farinhas e outros produtos à base de cereais. Também é preciso ter cuidado no manejo e consumo de alimentos como carnes e processados, ovos, leite e frutas.
Orientações
– Consumir água potável de origem conhecida. Se não for possível, ferver a água por, no mínimo, cinco minutos e depois filtrar;
– Lavar frequentemente as mãos com água e sabão;
– Cozinhar bem os alimentos e não consumir carnes ou outros alimentos de origem animal malpassados ou crus;
– Higienizar bem as frutas e verduras, esfregando para retirar os resíduos orgânicos, e deixá-las de molho por 15 minutos em água com cloro;
– Lavar bem equipamentos, utensílios e superfícies que serão utilizados para fazer a preparação dos alimentos;
– Analisar as condições de higiene e origem dos alimentos comprados por vendedores ambulantes. Nestes casos, preferir o consumo de alimentos bem cozidos;
– Verificar a procedência da água do gelo utilizado nas bebidas compradas;
– Estar atento ao “binômio tempo-temperatura”, dois fatores muito importantes no preparo de alimentos. De acordo com a legislação estadual, o tempo máximo de exposição de um alimento cru à temperatura ambiente, no verão gaúcho, é de 30 minutos.