Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2022
Recuperar o orçamento de políticas da agricultura familiar, investir em sustentabilidade e melhorar a imagem do agronegócio no exterior são alguns dos desafios do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para o setor, de acordo com especialistas.
A expectativa é de que as políticas agrícolas, em especial o apoio a pequenos e médios produtores, contribuam para as ações de combate à fome, compromisso que Lula elegeu como o mais urgente. Para os especialistas, alguns dos desafios dos próximos 4 anos na agropecuária serão:
Agricultura familiar
Em seu plano de governo, Lula destacou que o apoio à agricultura familiar deve ser um dos pilares para combater a fome, que hoje atinge 33 milhões de pessoas. Uma ação prevista seria a de aumentar o orçamento das políticas de compra de alimentos da agricultura família. Um deles é o Alimenta Brasil, antigo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que vem sofrendo uma forte redução de recursos nos últimos anos. Essa política, que chegou a ter um orçamento de R$ 1 bilhão (em 2012), tem apenas R$ 2,6 milhões reservados para o próximo ano.
“O cenário que a gente tem hoje é de desmonte das políticas públicas para a agricultura familiar. Nós perdemos recursos orçamentários em diversas áreas”, diz o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras dos Santos, que está na equipe de transição de Lula.
Estoques públicos
Outro desafio é o de reabastecer os estoques públicos de alimentos. Essa é uma das promessas de Lula para combater a inflação e a insegurança alimentar. Essas reservas foram sendo progressivamente esvaziadas desde 2015 e, para serem retomadas, será preciso estimular o aumento da produção de alimentos básicos, como o arroz e o feijão, que perderam área de plantio para grãos de exportação (soja e milho).
Imagem do agro
Melhorar a imagem do agronegócio no exterior é outro desafio apontado por especialistas. Essa frente envolve retomar e melhorar a diplomacia do Brasil com os governos de outros países, abalada nos últimos anos pela gestão do atual presidente Jair Bolsonaro. Além disso é preciso ações práticas, como combate ao desmatamento e fortalecimento das políticas de redução da emissão de poluentes na produção.
“Está cada vez mais difícil para o agronegócio brasileiro ficar associado ao desmatamento e às emissões de poluentes. Se a gente não avançar nessa performance, vai ser muito difícil limpar a imagem do agro fora do Brasil”, diz a diretora-executiva do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Marina Piatto.
Agricultura sustentável
Outro desafio do novo governo é fazer uma transição para uma agricultura sustentável. Hoje, um dos programas federais para reduzir a emissão de poluentes da agropecuária é o Plano ABC, que consiste em conceder financiamento a agricultores que têm projetos de produção sustentável. Porém, especialistas avaliam que a iniciativa ainda é tímida.