Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2020
Com a pandemia prestes a completar nove meses, os últimos dias foram marcados pela forte expectativa em torno do parto mais aguardado do mundo. Pela primeira vez desde o início do turbilhão global provocado pelo novo coronavírus, a vacina contra a covid-19 tornou-se fato concreto em um cenário ainda marcado por fakes e dúvidas, especialmente, sobre quando e onde ela estará disponível para todos os países afetados duramente pela doença, caso do Brasil.
Entre as verdades consolidadas, é certo que o Reino Unido se prepara para iniciar o processo de vacinação em massa a partir desta terça-feira (8). A informação foi confirmada na sexta (4) pelo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde do país, Chris Hopson, em entrevista concedida à rede britânica BBC. Lá, as doses iniciais serão aplicadas nos idoso abrigados em casas de repouso, bem como funcionários que atuam nesses estabelecimentos.
Em seguida, de acordo com o plano aprovado pelo governo do Reino Unido, vêm pessoas com mais de 80 anos e profissionais de saúde. O que, segundo projeções feitas pelas autoridades médicas inglesas, pode prevenir até 99% das internações e mortes nos hospitais voltados a pacientes com covid. A partir daí, começaria a distribuição gradual do restante das 40 milhões de doses encomendadas pelo país, suficiente para atender 20 milhões de cidadãos.
Isso porque a vacina escolhida pelo britânicos, fruto de uma parceria entre os laboratórios Pfizer e BioNTech, necessita de duas doses para imunizar cada pessoa. A eficiência de 95% na fase final dos testes e a rapidez com a qual o Reino Unido agiu acelerou o processo em diversos outros países. Lista que inclui Alemanha e Itália. Nos EUA, a Pfizer aguarda o aval dos órgãos reguladores, bem como a farmacêutica Moderna, cujo imunizante atingiu 94,5% de eficácia.
Certo também é que a Rússia já deu a largada na corrida com criação própria, a Sputnik V, uma das mais de dez vacinas que entraram no páreo para combater o vírus (veja lista das principais ao lado). No entanto, a comunidade médica internacional ainda se mantém muito reticente quanto à confiabilidade do imunizante russo, já que os estudos clínicos e os métodos de desenvolvimento sobre ele nunca foram publicados em periódicos científicos.
A União Europeia, que havia anunciado no último dia 26 a compra de 600 milhões de doses de vários fabricantes, solicitou aos 27 países-membros do bloco um plano de vacinação. Na parte menos desenvolvida do planeta, é possível movimento semelhante. Chile, Equador, Panamá, Costa Rica, Peru e México, por exemplo, fecharam acordo com a Pfizer.
Falso e duvidoso
Em contrapartida, o nascimento da esperança contra a covid veio acompanhado de fake news. Entre os quais, que algumas vacinas serias capazes de alterar o DNA da pessoa ou que existe um plano de implantar microchips rastreáveis, capitaneado pelo fundador da Microsoft, Bill Gates. Há ainda teses “científicas” atestando que ser infectado garante imunidade mais segura do que a vacina. Todas difundidas nas redes sociais e aplicativos de mensagem.
No rol de incertezas, o Brasil ocupa espaço privilegiado. Uma das três nações com maior número de casos, junto aos EUA e à Índia, o país ainda não apresentou um plano concreto de vacinação. Meta de cobertura com cronograma definido, previsão para o início do processo e até o tipo de imunizante que será adquirido pelo Ministério da Saúde, ou se haverá mais de um, permanecem sem respostas claras, deixando a sensação de que os brasileiros ficarão por último na sala de parto da pandemia.