O vereador Moisés Barboza (PSDB), conhecido como Maluco do Bem, e um assessor sofreram um sequestro-relâmpago, por volta das 21h de quinta-feira (10), em Porto Alegre. Os dois ficaram em poder dos bandidos até a madrugada desta sexta-feira (11).
A dupla foi abordada pelos criminosos na região da avenida Padre Cacique, na Zona Sul da Capital, pouco depois de deixar a Câmara de Vereadores em um Sandero. Os bandidos colocaram o vereador no porta-malas e o assessor no banco traseiro do carro em que eles estavam e os levaram para um cativeiro no bairro Lomba do Pinheiro, na Zona Leste da cidade.
Os ladrões exigiram os cartões das vítimas e saíram para fazer saques. O vereador e o assessor foram agredidos e amarrados. Depois, eles conseguiram se libertar e pediram socorro.
Após caminharem por uma estrada de terra até chegarem à rua Dolores Durán, onde pediram auxílio ao porteiro de um condomínio. A Brigada Militar foi chamada e uma guarnição chegou até o local.
Com a descrição do local do cativeiro e com base em conversas ouvidas durante o sequestro, Moisés passou as informações para os policiais, que conseguiram achar o local. Na casa, estavam pertences das vítimas, celulares e objetos pessoais do vereador e do assessor.
No local onde o vereador e o assessor foram mantidos em cativeiro, a Brigada Militar também encontrou o Sandero e prendeu quatro criminosos – dois homens e duas mulheres.
Nas redes sociais, Maluco do Bem escreveu: “Estou bem. Passado o susto, tudo bem comigo e com Ronaldo. Estou em casa, me recuperando e descansando, com Liliani e as crianças. Às 14h desta sexta-feira estarei no Gabinete”.
“Me tornei estatística”
Nesta sexta-feira (11), nas redes sociais, o vereador postou um vídeo narrando como foi a abordagem. Segundo ele, havia saído tarde da Câmara, com dois colegas. “O Ronaldo [servidor sequestrado junto] estava me aguardando com o carro do chefe de gabinete, pois o meu estava indo para a fronteira, e chegando ao Menino Deus, quando íamos descer, fomos abordados”, relatou. De acordo com o vereador, eram dois carros brancos, que chegaram pela direita. Os indivíduos estavam armados e os obrigaram a entrar no porta-malas do Sandero. “Fomos ameaçados de morte”, contou.
Conforme o vereador, por uma fresta da tampa do porta-malas conseguiu ter uma ideia de local para onde estavam sendo levados. Conforme Barboza, não houve reação. “Ficamos quietos. Tentei acalmar o colega, que era do interior”, afirmou.
Chegando ao local, pelo que verificou, na zona Leste, foram amarrados e encapuzados na residência para onde foram levados. “Quem passa por isso sabe o tipo de terrorismo que fazem com as vítimas”, disse o vereador.
Com a voz embargada o vereador fez o relato e acrescentou que ficou assustado com a presença de crianças e vozes de mulheres e crianças que ouviu ao ser conduzido por dentro da casa.
Ambos foram levados em outro carro branco para um matagal. “Temi muito pelo meu colega, pela forma de reação, pois ele olhava para eles. Chegaram a amordaçá-lo e disseram que iam matá-lo”, relatou. Após uma conversa, os criminosos acabaram apenas deixando ambos amarrados. A seguir, orientara a dar um tempo antes de sair. “Conseguimos nos soltar um do outro depois de um tempo e pedir ajuda”.
Sobre os presos, afirmou que não tinha noção de que fossem tantas pessoas e lamentou a presença de crianças na cena.
“A insegurança pública não é um problema só de Porto Alegre, é do Brasil todo, mas é preciso falar sobre o assunto. Eles estavam todos armados, com a certeza da impunidade e afirmando estar com armamentos novos”, acrescentou o vereador. Moisés Barbosa também colocou em questionamento o Estatuto do Desarmamento, segundo o qual, afirmou, foi favorável na época da aprovação. “Eles têm a certeza de que só a polícia anda armada”, afirmou.
“A sensação é de impotência total”, relatou. “Hoje é dia de comemorar um novo aniversário”.
O vereador relatou que os criminosos viram identificação da Câmara no carro mas não souberam que ele era parlamentar e ele também evitou se identificar após manifestações negativas sobre eles serem funcionários públicos. “Um vereador é um cidadão comum e está sujeito a tudo que os demais cidadãos passam. Eu simplesmente me tornei estatística”, finalizou.