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Vereador é investigado por espalhar notícias falsas para indígenas sobre a vacina contra o coronavírus

No Acre, mais de 3,7 mil indígenas que vivem em aldeias receberam primeira dose da vacina contra o coronavírus. (Foto: Odair Leal/Secom)

O vereador Cláudio Lopes Augusto Kaxinawá (PSD), de 43 anos, de Santa Rosa do Purus, interior do Acre, é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF-AC) suspeito de espalhar fake News sobre a vacina contra o coronavírus.

O órgão federal recebeu informações de que o indígena teria dito que a vacina tem veneno e que quem toma morre três meses depois. Com isso, outros indígenas estariam se recusando a tomar o imunizante.

A investigação do MPF-AC foi instaurada após o Distrito Sanitário Especial Alto Rio Purus avisar que estava encontrando resistência entre os indígenas para aplicação da vacina. O MPF-AC deu 48 horas para o vereador se explicar sobre as acusações.

“Além de requisitar formalmente explicações, o MPF alertou Cláudio Kaxinawá especificamente sobre as penalidades que podem ser aplicadas a quem propaga informações falsas que podem causar alarme ao anunciar desastre ou perigo inexistente, causando pânico ou tumulto, bem como a possibilidade de o agente causador pagar multa civil e ficar impossibilitado de ocupar cargo público por até dois anos”, destaca.

O vereador negou as acusações e disse que já foi notificado pelo órgão federal. O indígena alegou que sempre trabalhou nas ações de saúde entre os povos indígenas e que apoia a campanha de vacinação.

“Sou a favor da vacina, isso é falso. Estou incentivando meu povo, como vou falar que a vacina é envenenada? Isso é tudo falsidade, estou respondendo isso porque é falsidade”, explica. O parlamentar foi um dos 12 indígenas eleitos no pleito municipal de 2020 em cinco cidades acreana. Ele recebeu 82 votos dos moradores de Santa Rosa do Purus e atua como segundo secretário da Câmara de Vereadores.

Ainda segundo o vereador, alguém espalhou informações falsas sobre a vacinação usando o nome dele para prejudicá-lo. O parlamentar é da Aldeia Novo Recreio e, conforme ele, todos os moradores de já tomaram a imunizante.

“Estou crescendo, nunca falei isso. A população da minha aldeia já foi vacinada. Já recebi a notificação e fiquei assustado. Eu era o presidente do conselho, sempre acompanhei a equipe [de saúde], incentivava meu povo, estava sempre nos grupos trabalhando”, conclui.

Indígenas vacinados

Mais de 3,7 mil índios que vivem em aldeias no Acre já receberam 1ª dose da vacina contra Covid-19. Os dados foram repassados pelos Distritos Sanitários Especiais do Alto Rio Purus e Alto Juruá na quinta (11). O número de imunizados representa pouco mais de 30% do esperado.

Segundo os dados divulgados pelo governo do estado, do total de 40.760 vacinas recebidas no primeiro lote no Acre, no dia 19 de janeiro, 24.834 unidades foram destinadas aos mais de 12,4 mil índios aldeados com idade acima de 18 anos, para primeira e segunda dose.

A cidade que recebeu o maior número de doses para imunizar indígenas foi Feijó, com um total de 4.856 unidades, referente à primeira e segunda dose da vacina para mais de 2,4 mil indígenas. Em seguida, vem a cidade de Tarauacá que deve imunizar mais de 2,2 mil índios aldeados.

Em Santa Rosa do Purus a meta é imunizar 1.420 índios que vivem nas aldeias e que têm idade acima de 18 anos. Segundo os dados, desses somente 322 receberam a primeira dose até essa quarta. Com relação aos profissionais que trabalham na região, dos 25 que devem ser imunizados, 17 receberam a vacina.

Os casos confirmados do novo coronavírus entre os indígenas do Acre chegaram a 2.476. O número corresponde a levantamento feito até o último dia 5 de fevereiro, pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC). Os dados são divulgados semanalmente.

Ao todo, no estado são 14 povos atingidos com casos de Covid-19. De acordo com os dados, 29 indígenas morreram vítimas da doença. Dos casos registados de contaminação, 1.239 são de índios que vivem em terras indígenas e outros 1.237 entre indígenas que vivem nos municípios.

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