Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de fevereiro de 2019
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) aprovou uma resolução que proíbe registro a alunos egressos de graduações com mais de 20% das aulas a distância. No País, 13 universidades têm aval para oferecer curso on-line, mas só três já têm turmas iniciadas, segundo informações do Ministério da Educação (MEC). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e do CFMV.
Sem registro do conselho, o formado fica impedido de exercer a profissão. A resolução deve ser publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias. Por ano, são entregues cerca de 8,5 mil registros a novos profissionais.
Presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti de Almeida diz que o curso demanda várias atividades práticas e de campo, como cirurgia e análise laboratorial, entre outras operacionais e de manejo técnico, cuja aprendizagem se dá presencialmente.
De acordo com o presidente do CFMV, os estudantes de Medicina Veterinária passam por árduo treinamento para aprender a identificar as queixas de pacientes que não falam e não podem comunicar verbalmente o que sentem.
“Já é um processo complexo de aprendizagem em aulas presenciais. Imagine como seria aprender isso virtualmente? Como seriam aulas on-line de auscultação do coração ou dos movimentos estomacais? ”, exemplifica o presidente para demonstrar que a formação requer prática e contato direto com os animais.
Para Cavalcanti, a educação inadequada gera prejuízos à formação profissionalizante e impacta diretamente os serviços prestados à sociedade. “Como órgão que fiscaliza o exercício profissional, queremos zelar pela qualidade do mercado de trabalho e pela saúde da população”, afirma o presidente.
Ele garante que a preocupação do Conselho não está restrita ao mercado de trabalho, mas também ao investimento do aluno em uma educação que não vai prepará-lo de forma adequada.
“É um curso caro, o aluno tem a expectativa de uma sólida formação, mas acaba sendo vítima de um sistema de educação meramente mercantilista, que não garante formação de qualidade”, alerta Cavalcanti.
Ainda de acordo com a nova regra, veterinários que lecionarem e contribuírem para a oferta de cursos a distância estarão sujeitos à responsabilização ético-disciplinar.
A Universidade Brasil é uma das que oferecem o curso semi-presencial em Capanema e Tucuruí, no Pará, com dois encontros presenciais por semana. O curso da instituição custa R$ 1.398 mensais, com duração de cinco anos.
Em nota, a Universidade Brasil informou que a resolução é arbitrária. “Estamos caminhando para uma educação semi-presencial no mundo e qualquer curso é perfeitamente possível trabalhar nesse modelo. Isso é comprovado pedagogicamente e academicamente”.
Procurado, o MEC não se manifestou. A decisão do Conselho de Veterinária tem sido a saída de outras entidades de classe, principalmente da área da saúde, contra o aumento de cursos a distância. Em janeiro, o Conselho Federal de Odontologia vetou a inscrição e o registro de egressos de cursos 100% a distância. Este mês, o Conselho Federal de Farmácia proibiu registros para os cursos on-line.