Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2015
Produzido pelo grupo Sprout Pharmaceuticals, o “Viagra feminino” – proveniente da substância flibanserina – é destinado às mulheres que estão na pré-menopausa e que sofrem de falta de desejo sexual. O remédio deve ser vendido com o nome Addyi.
Para a psiquiatra Carmita Abdo, o lançamento da droga no mercado é muito positivo e abre uma nova era no tratamento da falta de libido.
“A chegada de um remédio específico para a disfunção sexual feminina abre uma nova era no tratamento”, explica. Porém, a prescrição do medicamento vai exigir maior capacidade dos médicos em distinguir o que causa o problema, já que vários fatores contribuem para a falta de desejo, como depressão e problemas conjugais.
Um estudo recente do Instituto ProSex mostrou que metade das mulheres apresentam alguma dificuldade sexual persistente. O problema mais comum é a falta de desejo/excitação, que atinge entre um terço e um quarto das mulheres. Em seguida, aparecem a dificuldade de atingir o orgasmo (26,2%), e a dor durante a relação sexual (17,8%).
Carmita ressaltou que para a mulher que tem um bom relacionamento com o parceiro, não está deprimida ou estressada e não sofre de alguma doença que possa interferir na libido, o medicamento chega em boa hora. “Até agora, não existia uma opção terapêutica específica para essas mulheres. A flibanserina chega com esse papel.”
Além disso, a chegada do remédio às farmácias deve deixar o assunto em evidência, e muitas mulheres se sentirão mais à vontade para buscar ajuda. É o caso de J., 35 anos, que apesar de não sentir vontade de ir para a cama com o marido há algum tempo, ainda não levou o caso a um especialista. “Eu acho que a correria do dia a dia e o cuidado com os filhos estão em primeiro lugar. Não tenho nenhum problema de saúde, mas não sinto vontade há algum tempo”, relatou.
J. disse que, quando o medicamento chegar ao Brasil, com certeza vai procurar um médico para saber se ela pode tomá-lo. Enquanto isso, vai inventando desculpas: “Dor de cabeça, cansaço, muita coisa pra fazer. São as desculpas que dou para meu marido.”
Mas nem todos os médicos veem a chegada do “Viagra Feminino” ao mercado como positiva. “Ainda há muitas ressalvas em relação ao produto, é preciso cautela. Na prática, não é uma droga que vai resolver o problema da sexualidade feminina. Não existe uma pílula da felicidade. Ainda é muito cedo para avaliar os benefícios, inclusive porque é uma droga que tem vários efeitos colaterais”, ponderou o ginecologista Neucenir Gallani.
Entre os efeitos colaterais da flibanserina estão náuseas, sonolência, queda da pressão arterial e até desmaios. O medicamento, na verdade, foi desenvolvido para ser um antidepressivo. A substância age nos neurotransmissores dopamina, noradrenalina e serotonina. Durante os primeiros ensaios clínicos, foi detectado um efeito colateral interessante: a melhora na libido – o que fez a indústria farmacêutica redirecionar o desenvolvimento do produto. (Folhapress)