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Vice-prefeito de Alvorada e outros 31 investigados são alvo de denúncia por desvio de donativos durante as enchentes

Conforme a Polícia Civil, cerca de 10 toneladas de itens foram recuperadas. (Foto: Divulgação/MPRS)

A Polícia Civil indiciou o vice-prefeito de Alvorada (Região Metropolitana), Valter Slayfer (PSDB), e outros 31 indivíduos por desvio de donativos enviados a famílias vítimas das enchentes de maio. Os crimes envolvem peculato (furto cometido por funcionário público) e associação criminosa, com o agravante de terem sido cometidos durante calamidade pública.

Se o caso avançar no Ministério Público e depois na Justiça, os envolvidos se tornarão réus no processo. Segundo a corporação, há servidores do Poder Executivo municipal na lista de alvos.

A investigação apontou que muitos dos itens recebidos pela prefeitura era negados a quem se diria ao ginásio onde era centralizada a distribuição. O destino do material acabava sendo gente não afetada ou conhecidos dos envolvidos no esquema.

O processo tramita em segredo de Justiça. No final do semestre passado, durante operação contra o grupo, agentes da Polícia Civil conseguiram recuperar cerca de 10 toneladas de artigos – trata-se apenas de uma parte dos donativos desviados, cujo montante ainda não foi determinado. Foram mais de 20 ordens de busca e apreensão.

Sapiranga

O Ministério Público Eleitoral ajuizou ação de investigação judicial a respeito de um vereador reeleito em outubro na cidade de Sapiranga (Vale do Sinos). Há suspeita de abuso de poder econômico, captação ilícita de votos e captação e gastos ilícitos de recursos de campanha.

A ação requer a cassação do diploma, a anulação dos votos obtidos, declaração de inelegibilidade por oito anos e aplicação de multa. Promotora de Justiça responsável pelo caso, Priscilla Ramineli Leite Pereira ressalta:

“A eleição do representado não obedeceu aos ditames que se espera em um Estado Democrático de Direito, tendo sido pautado essencialmente pela compra de votos de eleitores, comprometendo drasticamente a lisura do voto, em verdadeira forma de captação ilícita de sufrágio, corrupção eleitoral e abuso de poder econômico”.

Ela acrescenta: “O candidato promoveu o transporte ilícito de eleitores no dia do pleito, a entrega de ‘sacolas econômicas’ para os eleitores que foram transportados aos locais de votação e determinou o pagamento de dinheiro a eleitores para participar da sua carreata na véspera da eleição, deixando de declarar tais valores em sua prestação de contas”.

Priscilla coordenou as investigações em um procedimento preparatório eleitoral em que foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRS e da Polícia Federal (PF), que obteve a quebra de sigilos de dados bancários e telefônicos de uma série de pessoas.

Coube ao Núcleo de Inteligência (Nimp) do MPRS analisar s dados dos celulares. “Ao fim, angariei provas suficientes para averiguar o crime de corrupção eleitoral, transporte irregular de eleitores, abuso de poder econômico, captação ilícita de sufrágio e gasto irregular de campanha e os últimos mandados de busca e apreensão foram cumpridos ontem”, finaliza a promotora.

(Marcello Campos)

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