Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2017
O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, foi preso na segunda-feira (2) após um juiz decretar sua prisão preventiva, em um marco das investigações no país sobre a rede de propina a autoridades locais montada pela empreiteira brasileira Odebrecht.
Glas, um engenheiro elétrico de 48 anos, estava em casa na cidade litorânea de Guayaquil quando foi emitida a ordem de prisão preventiva. A ministra da Justiça, Rosana Alvarado, confirmou à imprensa equatoriana que o vice-presidente seria levado para uma prisão de Quito para cumprir a determinação judicial.
Em um vídeo divulgado no Twitter, Glass disse que se entregaria à Justiça e que “acatava sob protesto” a ordem do juiz.
“Estou a poucos minutos de me entregar à Justiça, e, como sempre disse, os inocentes não tem por que fugir. Eu não o fiz, não irei fazê-lo”, afirmou o vice-presidente, ao classificar o processo contra ele como inconstitucional e ilegal.
Glas era investigado pela Procuradoria por suspeita de ligação com o caso de propinas da Odebrecht, e estava proibido de sair do país, mas os procuradores encontraram novas provas que serviram como base para o pedido de prisão preventiva.
O juiz também determinou o bloqueio das contas de Glas e a proibição de negociar seus bens.
Glas foi responsável pelos setores estratégicos do país como ministro e vice-presidente pelos últimos sete anos, e foi acusado de atos de corrupção por ex-funcionários de alto escalão do governo do ex-presidente Rafael Correa.
Na semana passada, a procuradoria se juntou à acusação contra Glas e outros funcionários vinculados à rede de subornos da Odebrecht, que afeta vários países da região.
Governo anterior usava espionagem
A Secretaria Nacional de Inteligência do Equador vigiou a sociedade civil durante o mandato do ex-presidente Rafael Correa. Conhecida como Senain, ela tinha um plano de trabalho minucioso e individualizado para vigiar o entorno pessoal, familiar e profissional de políticos de oposição, jornalistas, empresários, organizações sociais e indígenas, tuiteiros e até de membros de seu próprio governo, com a finalidade de controlar os personagens tóxicos e defender a estabilidade democrática da República.
E para isso precisava espionar e elaborar fichas individualizadas de personagens e de iniciativas políticas ou sociais que pudessem representar ameaça para o projeto de Governo, segundo revelou o Diario Expreso. “Documentos internos desse órgão demonstram que a Senain espionou a Assembleia Nacional, manteve sob vigilância o entorno (pessoal, familiar e de negócios) dos opositores mais destacados, rotineiramente emitia relatórios sobre alianças e estratégias da oposição, província por província, e pôde desempenhar um papel importante na estratégia eleitoral do movimento Pais durante a campanha de 2013”, informa o jornal equatoriano.
A informação foi publicada dias depois de o presidente Lenín Moreno, também da Aliança Pais, ter denunciado que havia encontrado uma câmera escondida, ativa, no gabinete presidencial, que Correa tinha mandado instalar durante sua administração.