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Política Vice-presidente eleito tem encontro reservado com o ministro Ricardo Lewandowski, cotado para compor o governo Lula

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Em evento com políticos e empresários, ministro do STF (foto) mostrou convergência com a futura gestão petista no combate à fome e desmatamento

Foto: Rosinei Coutinho/STF
Em evento com políticos e empresários, ministro do STF mostra convergência com futura gestão petista no combate à fome e desmatamento (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

Minutos após chegar a um hotel no Guarujá, em São Paulo, onde participou de evento com empresários, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), fez uma reunião reservada com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski.

O encontro, segundo fontes, foi solicitado por Alckmin e viabilizado pelo empresário João Camargo, fundador do grupo Esfera Brasil, que organiza o evento no litoral paulista.

Lewandowski é cotado para assumir o comando de algum ministério no futuro governo, como a pasta da Defesa. O magistrado deu indicativos nos bastidores, no entanto, de que não pretende ter uma posição no Executivo após encerrar sua carreira no Judiciário em 2023. Próximo ministro do STF a se aposentar, Lewandowski deve ser ouvido pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para opinar na escolha de seu sucessor na Corte.

Alckmin e Lewandowski, que também é vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ficaram reunidos por 40 minutos, a maior parte do tempo sozinhos. Por dez minutos, João Camargo e o ministro do STF Luís Roberto Barroso se uniram à dupla, em uma sala reservada do Casa Grande Hotel.

Em seguida, Lewandowski discursou e mostrou convergência com diversos pontos dos discursos de Lula. O ministro disse que a pacificação social é um dos principais desafios do País. Sobre economia, afirmou que há necessidade de investimentos “públicos, privados, nacionais e internacionais”.

“Tenho convicção de que com o clima de pacificação que esperamos que se instale no País após essas eleições, que foram supervisionadas por uma Justiça Eleitoral técnica, tenho certeza que esses investimentos virão”, disse o ministro.

Segundo Lewandowski, é necessário “voltar à harmonia entre os poderes” e “despolitizar um pouco a jurisdição”. “É preciso que nem todos os problemas que são próprios da política sejam resolvidos pelo Judiciário”, disse.

Ele também afirmou que é preciso acabar com a fome no País, principal plataforma política de Lula. “Temos um milhão de crianças desnutridas, que não atingiram desenvolvimento físico e mental em razão desse flagelo que é fome. Nós temos que atacar, somos responsáveis por isso conjuntamente”, afirmou.

Em sua fala, o ministro ainda defendeu a necessidade de rever o “volume de armas” nas mãos da população, realizar uma reforma tributária e fortalecer o Sistema Único de Saúde.

“É um paradigma mundial”, disse Lewandowski sobre o SUS. “A importância do SUS se revelou na pandemia de Covid-19. Houve uma certa paralisia, o Judiciário teve papel importante para desencadear a vacinação, mas conseguimos superar esse mal graças ao SUS, que é gerido pela União, Estados e Municípios”, disse.

Em mais um ponto de convergência com o discurso de Lula, o ministro do Supremo criticou o desmatamento ilegal e fez enfática defesa da preservação da Amazônia, reforçando que o Brasil precisa retomar seu protagonismo internacional nessa área.

“Por que nós vamos entregar esse orgulho do Brasil, essa biodiversidade extraordinária para aqueles que atuam na ilegalidade? Isso é absolutamente inaceitável. Tenho certeza que aqui temos muitas pessoas que representam o agronegócio. Tenho certeza que a esse setor da economia isso [desmatamento ilegal] não interessa”, afirmou.

O evento organizado pelo Esfera Brasil reúne diversos integrantes da equipe de transição de Lula, além de nomes cotados para assumir ministérios e possíveis indicações ao Supremo Tribunal Federal, como os advogados Pierpaolo Bottini e Cristiano Zanin.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e uma série de empresários, como Abílio Diniz, também participam do encontro, assim como o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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