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Ali Klemt Violência contra a mulher

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Eu não sei você, mas uma das coisas que mais me entristece, no dia a dia, é constatar como o ser humano se perde facilmente em seus valores morais e envereda pelo caminho da desgraça com tanta facilidade. Explico.

Vivemos um momento de fácil acesso à informações, em uma era do politicamente correto. Costumamos dizer que as coisas estão até “chatas”, de tanto que precisamos andar na linha, cuidando para não machucar alguém com as nossas palavras, com piadas incômodas ou gestos inadequados. Parece exagero, mas precisamos viver o ápice de uma certa censura social e a criminalização de diversos atos que, anteriormente, eram entendidos como normais, a fim de botar “os pingos nos is” e cobrar respeito às minorias. Ou nem só minorias: as mulheres representam metade da população mundial e, ainda assim, são vítimas constantes de abuso, assédio, preconceito e discriminação, sem falar em violência mesmo, física ou psicológica, apenas pelo fato, enfim, de ser mulher. Segundo o Anuário da ONU Mulheres sobre o assassinato de mulheres e meninas no mundo, mais de 51 mil pessoas do gênero feminino foram mortas por seus parceiros ou membros da família em 2023. Isso equivale a 140 mulheres mortas todos os dias. Todo-santo-dia.

Esse tema parece batido, mas não é: apenas “batemos” na mesma tecla, constantemente, porque ainda alcançamos um porto seguro, Mulheres São vítimas, diariamente, de atos tresloucados praticados por…homens.

Essa é a verdade inescapável. Muitos homens ainda violentam, maltratam, batem e matam mulheres. E se esse assunto lhe parece indigesto, lamento. Não adianta empurrar para baixo do tapete – vou apontar as seguintes circunstâncias, e você me diz onde se encaixa: ou você é consciente de que isso acontece, ou você é vítima, ou você agride, ou você é conivente. Qual é a sua posição diante da realidade do mundo?

Por mais que seja amplamente debatido o tema da violência contra a mulher, por que ainda temos números assustadores? Como acontecem tantos feminicídios? Onde nós, como sociedade, continuamos errando?

Nós erramos, coletivamente. Afinal, as regras morais de uma sociedade são construídas a partir de um processo complexo que envolve cultura, história, valores compartilhados e dinâmicas sociais. Elas não surgem do nada, mas evoluem ao longo do tempo com base em influências diversas. A moralidade é, portanto, uma construção social, influenciada por diversos fatores e constantemente em evolução. Todos nós fazemos parte disso: eu, você, a celebridade que influencia multidões e a vizinha que você acha chata. E veja: regra moral não é, necessariamente, lei. Onde estamos falhando, portanto, no quesito violência contra a mulher?

Sabe-se que os abusados se tornam abusadores. Repetição de padrões. Será, portanto, que filhos de mulheres vítimas de violência – leia-se violência física, psicológica, patrimonial e sexual – replicam os mesmos atos perpetrados em sua família? Isso é absurdamente triste, pois se supõe que aprendemos com a dor. Porém, pelo visto, não: é o exemplo que nos arrasta e nos faz seguir o caminho do bem.

Daí a importância dos homens no processo de conscientização e, sobretudo, mudança da relação homem x mulher nos dias atuais. Por mais que tenhamos evoluído (e assim o fizemos, com inúmeras conquistas sociais), chega um ponto que a nós, mulheres, é difícil ultrapassar. Podemos ser posicionadas, duronas, críticas e feministas, mas temos limites: não somos homens. Isso é inarredável.

Logo, para mudar o mundo, precisamos de apoio. Precisamos chamar reforços. Precisamos de vocês, homens, como aliados. Precisamos dos homens para se postarem ao nosso lado e, fortes e virtuosos que são, servirem não apenas como exemplo diário, mas com postura ativa diante daqueles que, entre vocês, são fracos o suficiente para bater em uma mulher por se julgar seu dono, mesmo vivendo em pleno 2025.

Eu não tenho dúvida alguma de que educação, acesso à informação e um ambiente de respeito às leis e à justiça são elementos cruciais para a evolução de um pensamento em prol do respeito ao outro. Ainda assim, isso não basta. É preciso que haja consciência, ainda que lá em um cantinho da mente, de que determinado ato é errado. De que bater em mulher não só é errado, mas é vergonhoso. É coisa de homem fraco. Mas, para isso, precisamos de homens fortes. Homens que sirvam como exemplo. Homens que falem sobre isso, que encampem essa luta. Homens que amem as mulheres: contamos com vocês.

(@ali.klemt)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/violencia-contra-a-mulher/ Violência contra a mulher 2025-03-09
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