Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Dineia Anziliero Dal Pizzol | 19 de junho de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A violência contra as mulheres continua a ser uma grave questão de direitos humanos no Brasil, como revelam os dados do Atlas da Violência 2024. Em 2022, a violência doméstica representou 65,2% das notificações de violência contra mulheres, totalizando 144.285 casos. Este número alarmante destaca a necessidade de intervenções eficazes e coordenadas para proteger as mulheres e meninas no país.
O Atlas da Violência 2024 apresenta uma análise detalhada das diversas formas de violência por faixa etária, revelando que meninas e mulheres sofrem diferentes tipos de violações ao longo de suas vidas. Um dado particularmente preocupante é que, para meninas de 10 a 14 anos, a principal notificação de atendimento no sistema de saúde foi a violência sexual, correspondendo a 49,6% dos casos. Esse dado expõe a extrema vulnerabilidade das meninas a abusos sexuais, indicando uma crise silenciosa que requer ação imediata.
Precisamos olhar para esses números com a seriedade que merecem. A implementação rigorosa da Lei Maria da Penha é crucial para combater a violência doméstica e sexual. Esta legislação, que é um marco na proteção das mulheres, ainda enfrenta desafios significativos na sua aplicação. É fundamental que as autoridades de segurança pública recebam treinamento contínuo e especializado para lidar com casos de violência de forma sensível e eficaz, através das Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAMs).
Perguntas que considero urgentes: Como podemos mudar as normas culturais que perpetuam a violência de gênero? Campanhas de conscientização pública são indispensáveis para alcançar essa mudança. Será que a sociedade compreende plenamente que a violência contra mulheres e meninas é uma violação dos direitos humanos e um problema de segurança pública? As campanhas devem ser direcionadas a todas as faixas etárias e grupos sociais, promovendo a igualdade de gênero e o respeito mútuo.
Por outro lado, qual é o papel dos profissionais de saúde no combate à violência de gênero? É crucial que esses profissionais sejam capacitados para identificar sinais de abuso e oferecer apoio imediato às vítimas. Como medida urgente, podemos considerar a criação de unidades especializadas dentro dos hospitais pode garantir um atendimento mais humanizado e eficiente para as vítimas de violência sexual, oferecendo suporte psicológico e encaminhamento para serviços de proteção.
A educação é uma ferramenta poderosa na prevenção da violência de gênero. Programas educacionais que promovam a igualdade de gênero e ensinem sobre consentimento e respeito devem ser integrados ao currículo escolar desde os primeiros anos de ensino. A educação pode transformar mentalidades e comportamentos, criando uma cultura de respeito e igualdade.
Este é um chamado à ação: todos nós devemos nos unir e agir imediatamente para construir uma sociedade segura e justa para todas as mulheres e meninas.
A colaboração entre governo, ONGs, instituições de justiça e a sociedade civil não é apenas fundamental, é urgente e indispensável para enfrentar a violência de gênero. Precisamos de todos envolvidos! Fortaleçamos os serviços de proteção, como abrigos e linhas de apoio, para oferecer segurança e suporte às vítimas.
A violência contra mulheres e meninas é uma questão de direitos humanos e segurança pública que exige uma resposta urgente, coordenada e eficaz. Não podemos mais fechar os olhos para essa realidade. Devemos nos unir, agir com firmeza e compaixão. A hora de agir é agora.
Dineia Anziliero Dal Pizzol – advogada e professora
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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