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Política Visitada por Geraldo Alckmin e por Bolsonaro, maior feira agrícola do País tem acenos de governo e oposição, de olho no eleitorado e no apoio de lideranças do setor

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Maior evento agro da América Latina faz abertura restrita a expositores e autoridades. (Foto: Divulgação/Agrishow)

Com a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin no domingo (28) e do ex-presidente Jair Bolsonaro no dia seguinte, a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), a maior feira do setor agrícola do País, realizada em Ribeirão Preto (SP), foi palco de uma batalha pelo público agro, tradicionalmente simpático ao bolsonarismo.

Escaldada por uma crise política no ano passado, que resultou no anúncio da suspensão do patrocínio do Banco do Brasil, a organização do evento, desta vez, fez uma abertura restrita a expositores e autoridades, sem a presença do público, reservando o primeiro dia para a participação de representantes do governo Lula. Já Bolsonaro foi à feira na segunda (29), ao lado dos governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Ronaldo Caiado (Goiás).

O governo aproveitou a oportunidade para anunciar uma nova linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para micro, pequenos e médios produtores rurais e cooperativas com faturamento de R$ 300 milhões. Em um aceno para a base do agro, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, prometeu taxas de juros menores para este ano:

“Em 2023, tivemos as taxas de juros mais horríveis da história do nosso País. Vamos buscar uma equalização dos juros ainda maior.”

Bolsonaro

No ano passado, o evento gerou desgaste com o governo Lula após Fávaro, relatar ter sido “desconvidado” pela organização após a confirmação da presença de Bolsonaro. Em retaliação, o ministro Paulo Pimenta (Comunicação Social) anunciou a suspensão do patrocínio do BB, e a abertura acabou sendo cancelada.

Como o acordo comercial do BB com a feira agrícola já estava assinado, o banco manteve ações previstas no evento e alinhavou mais de R$ 2 bilhões em crédito agrícola. Por outro lado, a presidente do BB, Tarciana Medeiros, nomeada com aval da cúpula petista, e diretores cancelaram presença.

Na segunda-feira, Bolsonaro recebeu gritos de “volta, Bolsonaro” e “mito” quando discursou e aproveitou para sinalizar apoio a seus aliados, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ronaldo Caiado (União), possíveis presidenciáveis em 2026, já que ele está inelegível.

“Ouso dizer que podemos ter alguém igual a ele no futuro, melhor, é muito difícil”, disse o ex-presidente sobre Tarcísio.

Bolsonaro falou, sobretudo, a respeito de ações de seu governo voltadas à infraestrutura e agronegócio, como a pavimentação da BR-163 e a inauguração de trecho da Ferrovia Norte-Sul, além de mudanças na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

Ele também elogiou a ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e o ex-secretário nacional de Aquicultura e Pesca, o atual senador Jorge Seif (PL-SC), quando criticou a equipe de Lula.

Já Tarcísio aproveitou a chance de discursar na Agrishow para anunciar um pacote de R$ 1,4 bilhão para o agronegócio, que inclui linhas de créditos da Desenvolve SP e créditos acumulados de ICMS para incentivar fabricantes de máquinas e produtores de proteína animal, além de ter assinado um decreto que amplia a área de cobertura irrigada no Estado.

Depois dos discursos, Bolsonaro e os dois governadores, além de apoiadores, saíram em um carro aberto e percorreram as dependências da feira.

Crédito

Lula, por sua vez, vem tentando quebrar resistências no agro. Entre as iniciativas planejadas pelo governo estão encontros com empresários na Granja do Torto, com direito a churrasco, lançamento de obras, mais crédito e viagens a locais onde a produção agrícola tem peso expressivo na economia.

Com a nova linha anunciada pelo BNDES na Agrishow, o crédito total para o agro oferecido pelo banco pode chegar a R$ 10 bilhões em 2024, segundo a instituição.

“O agronegócio é o motor que impulsiona nosso PIB e alavanca nossa balança comercial. E o desenvolvimento da nossa agroindústria, agregando valor a nossas exportações, é uma das missões da nossa política industrial”, disse Alckmin.

O presidente do banco, Aloizio Mercadante, ressaltou as exigências ambientais que serão feitas nesses financiamentos:

“O apoio ao setor agropecuário é uma prioridade do governo do presidente Lula e o BNDES, atento às regras ambientais, aprimora continuamente suas políticas de concessão de crédito, incorporando exigências adicionais para proteger o meio ambiente.”

A relação entre o agronegócio e Lula tem altos e baixos desde a campanha eleitoral. Em tentativa de ampliar o diálogo, o governo fez uma série de gestos, incluindo a assinatura de acordos comerciais com a China que beneficiam o setor. Por outro lado, invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), aliado do PT, dão margem para cobranças.

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