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Vital 1983, com ou sem moto

(Foto: Reprodução)

No último final de semana assisti o musical que conta de maneira criativa, emocionante e dançante a história dessa turma que, de longa data, escreveu seu nome no palco da MPB.

Ao chegar em casa liguei o meu, playlist com as melhores da banda e ao mesmo dei um start no meu servidor que está na nuvem e baixei os arquivos daquele ano. Na música, de cara, lembrei de Menina Veneno, Billie Jean e Coração de Estudante. Para citar três que subiram no pódio naquele ano.

Na navegação baixei e abri um dos meus arquivos preferidos: o que assisti e não é filme. Juro que não lembrava de tantos fatos não cinematográficos e históricos que havia presenciado.

Em síntese: em março, os primeiros governadores eleitos diretamente tomaram posse após o golpe militar de 1964. Na música partia a Clara Nunes. No esporte, Nelson Piquet tornava-se bicampeão na Fórmula 1eparaa fechar o ano com “taça” a Jules Rimet – conquistada na Copa de 1970 é roubada da sede da CBF no Rio de Janeiro. Que ano!

Voltando ao musical. Ao assistir relembrei, também, que esse foi o primeiro hit da banda, tendo sido entregue por um amigo deles numa fita cassete demo – gravação amadora, feita em estúdio ou não para demonstrar uma música para gravadoras – Vital e Sua Moto estava nela com outras três canções, e foi parar na programação da Fluminense FM, e a partir daí ganhou o Brasil.

Em 1983, a banda assinou com a EMI e lançou o primeiro disco, Cinema Mudo. Sobre o Vital ele disse em uma entrevista em 1997 que não se sentia o Pete Best (o baterista que deixou os Beatles pouco antes do sucesso) e lembrou da sua participação no embrião do grupo, quando eram todos amadores e, depois de uma série de nomes esdrúxulos, escolheram algo com Paralamas por causa da Fender uma marca de guitarra que, em inglês, significa para-lama.

No bordão musical vou mudar o jazz e relembrar outra face marcante daquele ano que uniu música, arte e propaganda. Na minha modesta opinião, a melhor campanha publicitária do seu segmento até hoje. Quem não lembra do comercial da Faber-Castell, Aquarela, usando a canção do Toquinho? Trinta e cinco anos depois, em 2018, a marca relançou uma nova versão com letra adaptada abordando a diversidade racial.

Para descer da carona da moto do Vital, mas, continuando e pegar outra numa Yamaha, tiro o capacete antes de sentar saúdo a criatividade da agência, dessa marca de motos por usarem a música do Paralamas no lançamento de um modelo no ano passado. Criatividade, um hit de eterno sucesso, e investimento em comunicação não tem erro: mas que união feliz!

Gil Kurtz é publicitário, vice-Presidente de Marketing e Comunicação do Fórum Latino-americano de Defesa do Consumidor.

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