Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de setembro de 2024
A viúva do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, assassinado pelo então policial penal Jorge Guaranho em 2022 , relatou sentimento de medo após decisão da Justiça do Paraná conceder habeas corpus nessa quinta-feira (12) ao réu. Pamela Silva definiu a a decisão como “lamentável”, e disse que a família da vítima foi pega de surpresa. Guaranho cumprirá prisão domiciliar e usará tornozeleira eletrônica.
Em julho daquele ano, que antecedia a eleição entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), a vítima comemorava 50 anos com a família e amigos, numa festa com temática petista. O policial penal invadiu o local e fez dez disparos, dos quais quatro acertaram a vítima. Guaranho foi preso, e estava no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR).
“Nós estamos arrasados, sem chão e com muito medo. A sensação de injustiça com a família é imensa. A gente não tem palavras para dizer o que está acontecendo. Porque, além de perder o Marcelo, de ser vítima de toda uma situação, a gente foi pego de surpresa”, declarou a viúva.
Ainda segundo o portal, a prisão domiciliar foi solicitada pela defesa do réu para que Guaranho faça tratamento de saúde, para preservar a integridade física do cliente. O réu foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) à Justiça por homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil – em função da violência política motivada pelo desrespeito às diferenças – e perigo comum, já que os disparos foram efetuados no local da festa e poderiam ter vitimado os convidados presentes. Para o MP, o crime teve motivação política.
O júri popular por homícidio foi remarcado para fevereiro de 2025. O julgamento já foi adiado duas vezes: em dezembro de 2023 e em abril deste ano.
Este ano, o assassino foi demitido do cargo de policial penal, por decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O argumento foi uso de recurso material da repartição em atividade particular (arma), improbidade administrativa e incontinência pública. A decisão é resultado de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado à época do crime, para apurar a atuação do ex-agente da penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná.
Relembre o caso
A comemoração do aniversário de 50 anos ocorria em uma área reservada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, em dia 9 de julho de 2022, em Foz do Iguaçu. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná, o réu — desconhecido da vítima e familiares — se aproximou da porta do salão de festas de carro, com o som do veículo em alto volume, reproduzindo uma música de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. De acordo com as testemunhas, Guaranho havia saído de um churrasco com mulher e filho e soube que o festejo tinha como tema decorativo o PT e o então candidato à presidência, Lula.
Aos gritos de “Bolsonaro” e “mito”, o réu, que estava acompanhado da esposa e do filho – um bebê de colo – ameaçou Arruda mostrando que estava armado e afirmou que voltaria para matar a vítima.
Aproximadamente uma hora depois, Guaranho retornou ao local da festa, sozinho, e começou a disparar contra o alvo e convidados ainda da porta do salão. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança. As imagens mostraram que a vítima tentou se esconder debaixo de uma mesa, onde foi alvejada à queima roupa.
O caso teve grande repercussão na campanha, e o velório teve a presença da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. As informações são do jornal O Globo.