Ao comentar a proposta de cessar-fogo no conflito com a Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, agradeceu ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e a outros líderes dos Brics pelo que chamou de esforços em direção à paz.
Putin, afirmou que concorda com a ideia de um cessar-fogo de 30 dias na guerra contra a Ucrânia, mas que precisa acertar detalhes com os Estados Unidos, autores da proposta.
O presidente russo mencionou o Brasil ao ser questionado por uma jornalista em Moscou, durante uma coletiva de imprensa ao lado de seu aliado Aleksander Lukaschenko, de Belarus.
“Nós temos nossas próprias questões atuais, mas muitos líderes de países, o presidente da República Popular da China, o primeiro-ministro da Índia, os presidentes do Brasil e da África do Sul estão lidando com essa questão, dedicando bastante tempo a ela”, declarou Putin. “Somos todos gratos a eles por isso, porque essa atividade visa alcançar uma missão nobre, o cessar das hostilidade e das perdas humanas.”
O líder russo havia iniciado sua fala agradecendo ao presidente dos EUA, Donald Trump, “por dedicar tanta atenção à resolução na Ucrânia”.
O acordo proposto pelos EUA que já foi aceito pela Ucrânia, em uma reunião entre delegações de Washington e de Kiev ocorrida na Arábia Saudita.
“Concordamos com as propostas para cessar as hostilidades, mas partimos do fato de que essa interrupção [dos combates] deve ser de forma a levar a uma paz de longo prazo e elimine as causas originais desta crise”, disse Putin a repórteres.
Putin, que no meio da semana passada visitou a região de Kursk para exigir mais rapidez das tropas russas para retomar o território dos ucranianos, disse que não discorda da proposta americana, mas fez uma série de questionamentos e disse que um acordo com a Ucrânia “deve levar a uma paz duradoura”.
“A ideia do cessar-fogo em si é correta e nós certamente a apoiamos, mas há questões que precisamos discutir. Por que eles precisam de 30 dias? Para a mobilização ou fornecimento de armas para a Ucrânia? Não está claro como a situação vai se desenvolver em Kursk e outros lugares. Quem irá controlar o cessar-fogo? São 2 mil quilômetros de frente de batalha”, perguntou o presidente russo.
Negociação
Na quinta, Trump afirmou que está discutindo com a Ucrânia a concessão de territórios para Moscou e que a proposta está na mesa de Putin: “Agora vamos ver se a Rússia estará lá e, se não estiver, será um momento muito decepcionante para o mundo”.
Trump disse também que a declaração de Putin foi promissora, mas incompleta. Ele reiterou que quer ver um cessar-fogo e afirmou que está discutindo com autoridades ucranianas a concessão de territórios seus à Rússia.
“Estamos discutindo com a Ucrânia territórios que serão mantidos e perdidos, e todos os outros elementos de um acordo de cessar-fogo. Tem uma usina de energia envolvida, uma usina muito grande, então que é que vai ficar com a usina, com isso, com aquilo, não é um processo fácil”, disse o presidente dos EUA.
No dia anterior, Trump havia afirmado que poderia pressionar o russo a aceitar a proposta. Ele evitou detalhar o que faria em caso de uma negativa, disse apenas que “posso fazer coisas financeiramente, e isso seria muito ruim para a Rússia. Não quero fazer isso porque quero obter paz”.
A Rússia afirma que quer um cessar-fogo definitivo na guerra e vê com maus olhos uma proposta de trégua temporária. Americanos e líderes europeus também já expressaram a importância e o desejo de chegar a um acordo que traga paz duradoura.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que os 30 dias de trégua poderiam ser utilizados para negociar um acordo de paz mais longevo.