O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse “não”, nesta sexta-feira (14), quando perguntado se ele ele tem arrependimentos relacionados à guerra na Ucrânia. Falando em uma entrevista coletiva na capital do Cazaquistão, Astana, Putin disse que não era objetivo da Rússia destruir a Ucrânia.
“Não é legal o que está acontecendo agora, mas [se a Rússia não tivesse iniciado sua ofensiva na Ucrânia] estaríamos na mesma situação um pouco mais tarde, só que as condições teriam sido piores para nós. Então, estamos fazendo tudo certo”, assegurou.
Após ordenar duras ofensivas esta semana em Kiev e outras cidades estratégicas da Ucrânia, Putin anunciou que não prevê novos bombardeios em massa “por enquanto”.
Ele aproveitou a ocasião desta aparição pública para afirmar que não há planos para novas mobilizações recrutando russos para lutar na guerra. Putin disse que a “mobilização parcial” que ele anunciou no mês passado estava terminando e estaria encerrada dentro de duas semanas.
“A mobilização está terminando. Presumo que em duas semanas todas as medidas de mobilização terminarão”, declarou.
Otan
Um eventual confronto direto entre tropas da Rússia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ocasionará uma “catástrofe global”, afirmou Putin.
A possibilidade de um choque entre as forças de Moscou e da Otan, a aliança militar do Ocidente, voltou a ser cogitada após uma escalada dos conflitos na guerra na Ucrânia no último mês.
Em reação a novos movimentos de Vladimir Putin, que convocou reservistas e anexou ilegalmente 10% do território ucraniano, a Ucrânia entregou à Otan uma candidatura de emergência para entrar no bloco.
A Otan prevê revidar ataques a qualquer país membro da aliança, o que, na prática, significaria o choque direto com as forças russas.
Vladimir Putin, que em setembro foi às TVs do país para recrutar cerca de 300 mil reservistas para lutar na Ucrânia, também garantiu que não fará mais convocações – o anúncio gerou uma fuga em massa de jovens russos do país.
Ele disse que 222 mil russos foram convocados e, desses, 16 mil estão já no front. E admitiu não ter soldados suficientes para atuar na linha de frente de batalha na Ucrânia.
“A linha de frente tem 1.100 km de extensão, então é quase impossível mantê-la exclusivamente com tropas formadas por militares contratados”, argumentou o presidente russo.
No novo pronunciamento, Putin reconheceu ainda que o cenário atual da guerra na Ucrânia não é o ideal – segundo serviços de inteligência do Reino Unido e dos Estados Unidos, tropas russas estão enfraquecidas e perdendo terreno.