Domingo, 23 de março de 2025
Por Redação O Sul | 22 de março de 2025
O empresário disse ainda não ter certeza se disputará o Planalto ou o governo paulista
Foto: ReproduçãoCom a promessa de que estará nas urnas em 2026, mesmo inelegível, Pablo Marçal mantém o tom cauteloso quando o assunto é o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O empresário disse ainda não ter certeza se disputará o Planalto ou o governo paulista, caso consiga reverter a decisão da Justiça. Mas, seja qual for o destino, espera fazê-lo sem comprar briga com Bolsonaro.
“Você nunca vai me ver desonrando Bolsonaro. Em 2022 eu estava assim, maluco, eu cheguei a falar mal dele”, disse Marçal, ao adotar um tom muito mais manso do que aquele encampado na última eleição.
Confrontado com os muitos embates que teve na campanha pela Prefeitura de São Paulo, Marçal emendou: “Honrar é uma posição que não é todo mundo que tem. Desrespeitar é diferente. Acredito que eu desrespeitei pessoas, sim, e, no meio do jogo político, quem não desrespeitou que atire a primeira pedra”, disse em entrevista à CNN.
Marçal afirmou ainda que acreditou em Jair Bolsonaro desde os tempos em que estava na faculdade de Direito. E conta que acompanhava as falas do então deputado federal no Congresso.
“Eu achava ele bem da hora. Só que ele não teve a postura republicana e nem nobre quando ele teve a oportunidade. Eu acho que ele perdeu para ele mesmo. Agora, se eu for para uma disputa num debate com ele, não esperem eu entrar em atrito com ele. Acho que não faz sentido. Por quê? Porque ele construiu uma esperança. Ele é o maior nome de direita que o Brasil tem. Para mim, ele não é o maior nome conservador. É o maior nome de direita.”
Inelegível
Pablo Marçal (PRTB) tornou-se inelegível após decisão da Justiça Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), que condenou o empresário a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder econômico e político, uso indevido de meios de comunicação social e ainda captação ilícita de recursos.
Marçal foi candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2024 e terminou a disputa em terceiro lugar com um total de 1.719.274 de votos (28,14% dos votos válidos), não chegando ao segundo turno.
A decisão de tornar Marçal inelegível, a contar de 2024, foi do juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral, que aceitou duas ações, uma protocolada pelo PSB e outra pelo PSOL. Com a decisão da Justiça Eleitoral, Pablo Marçal ficará inelegível até 2032.
Segundo o magistrado, o empresário ofereceu apoio político para impulsionar a campanha eleitoral de candidatos a vereador por meio de vídeos divulgados na internet. A divulgação custaria R$ 5 mil. Esses pedidos eram feitos a partir de vídeos publicados nas redes sociais. Em uma das gravações, Marçal disse:
“Eu tô concorrendo a uma eleição desleal aqui onde eu não uso dinheiro público e os ‘bonitões’ gastam R$ 100 milhões para fazer propaganda enganosa e aqui eu quero te fazer uma pergunta: Você conhece alguém que queira ser vereador e é candidato, que não seja de esquerda, tá, esquerda não precisa avisar. Se essa pessoa é do bem e quer um vídeo meu para ajudar a impulsionar a campanha dela cê vai mandar esse vídeo e falar mano, olha aqui que oportunidade, né? Essa pessoa vai fazer o que? Ela vai mandar um pix para a minha campanha de doação, pix de cinco mil. Fez essa doação, eu mando o vídeo. Vai clicar aqui no formulário, clicou aqui no formulário, cadastra, a equipe vai entrar em contato. Tamo junto, fechou, você ajuda daqui em São Paulo e eu ajudo daí. Bora, bora ganhar esse negócio”.
De acordo com Zorz, Marçal utilizou as redes para disseminar fake news sobre o sistema de arrecadação eleitoral, além de fazer propaganda eleitoral negativa.
“Ficou demonstrado que o réu Pablo Marçal ofereceu apoio político por meio de vídeo para impulsionar campanha eleitoral de candidatos a vereador [que não estivessem em partidos de esquerda] em troca de doação do valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para sua campanha eleitoral”, escreveu Zorz.
“Não é permitido, desta forma, uso de rede social para disseminar ‘fake news’ sobre o sistema de arrecadação eleitoral baseada no fundo partidário e para realizar propaganda eleitoral negativa dos adversários conforme seguinte trecho do vídeo do réu“(…) Eu tô concorrendo a uma eleição desleal aqui onde eu não uso dinheiro público e os bonitões gastam 100 milhões de reais para fazer propaganda enganosa ”, prosseguiu o magistrado.
A candidata a vice na chapa de Marçal, Antonia de Jesus (PRTB), que também era ré nas ações analisadas por Zorz, foi absolvida pela Justiça. Para o juiz, Antonia seria “mera beneficiária da conduta” de Marçal e que não existe “indicação de que participara diretamente do vídeo” contestado.
Antonia também respondia por abuso do poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação social e arrecadação ilícita de recursos. Após a decisão, Pablo Marçal afirmou que “tudo será esclarecido”. Segundo ele, sua defesa entrará com um recurso junto à Justiça Eleitoral de São Paulo.
“Gravei milhares de vídeos de apoio político para candidatos a prefeito e vereadores em todo o país e estou em paz por não ter feito nenhum vídeo em troca de apoio financeiro, conforme demonstrado na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral”, declarou Marçal.