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Você sabe quem são os Oficiais R/2 do Exército Brasileiro?

(Foto: Divulgação/Exército)

Os Oficiais R/2 ou de 2ª classe da Reserva não remunerada do EB são produto de um diagnóstico das FFAA brasileiras no início do século XX, quando da 1ª GM, que identificava a carência de oficiais nas FFAA da época, em caso de conflagrações daquela ordem. Idealizado pelo então Capitão Luis de Araujo Correa Lima, em 1927 foi fundado no Rio de Janeiro, Capital Federal a época, o 1º OFOR – Órgão de Formação de Oficiais da Reserva cujo objetivo era formar uma reserva mobilizável de Oficiais subalternos, para suprir as carências da formação de oficiais de carreira da então Escola Militar do Realengo.

Logo vieram outros como São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife e passarão a se denominar Centros de Preparação de Oficiais da Reserva, mais conhecidos como CPOR. Logo, esta iniciativa mostrou seu valor quando da mobilização da FEB em 1942 para a 2ª GM. Dos 1070 Tenentes do efetivo de oficiais da FEB, 433 eram oficiais R/2. Destes, 13 somente retornaram para casa para seu derradeiro descanso no Monumento Nacional aos Mortos da 2a Guerra Mundial, no Rio de Janeiro no Aterro do Flamengo. Dentre os Oficiais Brasileiros mais condecorados está o 1º Ten R/2 Apollo Rezk, dentre elas Medalha Silver Star e Medalha “Distinguished Service Cross” (Cruz por Serviços Notáveis) pelo 5º Exercito Americano.

Depois, vieram o Batalhão Suez, as missões de paz do Haiti, do Timor Leste e tantas outras e lá sempre estão os Oficiais R/2 ou Temporários, sua denominação atual. Quem são estes incógnitos? É muito provável que alguns estão muito próximos de você no seu dia a dia. No CPOR/PA já passaram mais de 17.000 aproximadamente. A maioria cumpriu seu tempo e foi continuar sua missão na vida civil como empresários, médicos, advogados, engenheiros, juízes, desembargadores, dentistas, fisioterapeutas, administradores etc. Muitos são destaques regionais e nacionais. Mas todos se destacam e se identificam por sua conduta proba e a difusão e preservação dos valores pátrios. Por que então o Decreto 12375 de 06/02/2025, numa canetada, retira/apaga destes brasileiros páginas de sua história de vida? Sim, apaga, pois retirar-lhes a Carta Patente após seu período de serviço ativo é apagar da vida destes Oficiais R/2 ou Temporários, das frações, das subunidades, das unidades, das OM’s onde serviram, páginas de suas histórias. O que fizeram para merecer tal tratamento?

Muito provavelmente seu proceder íntegro, sua postura ereta, seu combate incansável à desconstrução dos valores pátrios, à desvalorização da ética e da moral, à conduta tíbia e submissa. Somente isto poderia justificar apagar/borrar suas ínfimas participações na história. Diz-se que: “o estudo da história (o passado) nos permite entender o presente e não repetir os erros no futuro”. No entanto, no Brasil se insiste em desprezar este dito, propondo-se a rescrita da história por conta de uma única versão. É que este malfadado decreto 12375 de 06/02/2025 tenta fazer com os Oficiais R/2 ou Temporários do EB. Com certeza dentre o trigo há joio, mas não se pode generalizar. Não se pode apagar da história destes Oficiais 3, 5, 8, 10, 12 anos de suas vidas. Urge retificar este decreto.

Tudo que fizeram estes homens foi cumprir o juramento que fizeram: “Ao ser declarado Aspirante a Oficial da Reserva — assumo o compromisso de cumprir — na paz e na guerra — os deveres que me competem — para segurança e grandeza do Brasil, cuja honra, integridade e instituições, defenderei com o sacrifício da própria vida”.

Nós, Oficiais R/2 ou Temporários, não iremos arrefecer no combate. Não permitiremos que nossa história seja apagada, como homens, como Brasileiros, como Oficiais de 2ª Classe da Reserva não remunerada do Exército Brasileiro.

* Júlio Cesar Hilzendeger, presidente da AOR/2-RS, 2º Ten R/2 Inf 1975, administrador, professor e consultor

 

 

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