Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de maio de 2024
Cheia do Guaíba inundou o Centro e outros bairros de Porto Alegre
Foto: Giulian Serafim/PMPAAs fortes chuvas que castigam o território gaúcho levaram 14,2 trilhões de litros de água para o Guaíba, em Porto Alegre, entre os dias 1º e 7 deste mês, segundo o IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), causando o transbordamento do lago.
O volume equivale a quase metade do reservatório da usina de Itaipu, segunda maior hidrelétrica geradora de energia do mundo, que tem 29 trilhões de litros de água e praticamente o triplo do tamanho do Guaíba (1.350 km² ante 496 km²).
“A comparação com Itaipu dá ideia da dimensão do evento [climático]. Mesmo excepcional, essas chuvas de abril/maio alteram o entendimento do comportamento da bacia do Guaíba em anos de El Niño forte”, afirmou o pesquisador do IPH Fernando Dornelles.
Em tempos normais, os 14,2 trilhões de litros levariam 18 semanas para passar pelo Guaíba. A velocidade com que a água corre pelo lago – a chamada vazão – disparou. O que era 1,3 milhão de litros por segundo chegou perto dos 30 milhões de litros por segundo.
Esse dilúvio em curto período fez o Guaíba, que tem, em média, 2 metros de profundidade, saltar para o nível de 5,2 metros – superando o recorde histórico registrado na cheia que alagou Porto Alegre em 1941.
De onde veio essa água toda?
O Guaíba é o destino dos rios Gravataí, dos Sinos, Jacuí, Taquari, Caí e Vacacaí (esses dois últimos desaguam no Taquari). A chuva que caiu sobre esses rios viaja pelas bacias e deságua no lago porto-alegrense, que depois leva o volume até a Lagoa dos Patos, que encaminha o excedente para o oceano.
O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) aferiu a queda de 12,7 trilhões de litros de água oriundos das chuvas sobre os rios citados entre 28 de abril e 6 de maio. O cálculo foi feito com base em um sistema que une monitoramentos de pluviômetros, radares e satélites meteorológicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.
“A quantidade de água que o lago recebeu nesses dias, para se ter uma ideia, é como se tivesse caído em três dias o que ele recebe em um mês inteiro. A inundação em Porto Alegre e Canoas é consequência de toda esta água”, declarou o pesquisador Laercio Namikawa.
Os 12,7 trilhões de litros representam um volume inferior, mas próximo dos 14,2 trilhões que o IPH da UFRGS calculou ter chegado ao Guaíba entre 1º e 7 de maio, quando ocorreram os maiores impactos em Porto Alegre.