Quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de março de 2022
O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um discurso nesta sexta-feira (25), voltado à sua base eleitoral mais radicalizada e, mais uma vez, acenou com a adoção do voto impresso no Brasil, mesmo que a proposta já tenha sido derrotada no Congresso, no ano passado. Bolsonaro fez críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu o armamento da população.
“O voto tem que ser contado”, repetiu o presidente em cerimônia no Palácio do Planalto. “Não podemos disputar uma eleição com a mínima suspeição de que algo esteja errado. Eu acredito que as eleições sejam limpas e confiáveis. Só podemos disputar eleições desta maneira, não podemos aceitar. Queremos eleições limpas, e tenho certeza que temos com o que colaborar com o TSE, com o nosso querido Alexandre de Moraes, o querido Barroso e o querido Fachin, para que isso aconteça. Tenho certeza que do fundo do coração deles, eles querem isso”, completou o presidente, que vê os ministros Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), como adversários políticos.
Bolsonaro disse que o ato político do PL, neste domingo (27), marcará o lançamento de sua pré-candidatura. “(Falam em) Tomar cuidado com a propaganda política como se tivesse cancelado o evento do próximo domingo. Está mantido o evento da pré-candidatura aqui em Brasília”, disse. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, o PL reformou o evento, que agora se transformou em ato de filiação em massa, para evitar problemas com a lei eleitoral. Pela legislação, a campanha só é permitida a partir de 16 de agosto.
A mudança de tom de Bolsonaro é um afago ideológico ao eleitorado mais radicalizado e ocorre no mesmo dia em que pesquisa Ipespe mostrou que a avaliação do governo continua negativa para mais da metade da população. Para 54%, a gestão é péssima, para 26% é ótima. Outros 19% veem o governo como regular.
“Não é disputa de campeonato de futebol. ‘Foi gol de mão, mas gol de mão é mais gostoso’. Vale a seriedade, a transparência e vamos perder ou ganhar dentro das quatro linhas”, insistiu Bolsonaro.
Crítica ao STF
Em uma crítica indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF), o chefe do Executivo também voltou a afirmar no discurso que o Brasil conheceu a ditadura “de outras formas”, como “censura em redes sociais”. “Quem são os censores? Escolhidos por que critério? Estão a serviço de quem? Querem prejudicar a quem?”, perguntou Bolsonaro na cerimônia.
Para além de trazer à tona novamente o tema das urnas eletrônicas, Bolsonaro enalteceu seu lado armamentista, outro aceno a apoiadores em ano eleitoral. “Lamentavelmente, parte do Senado ressuscita a comissão para desarmar a população”, disse ele.
Especialistas têm assegurado, reiteradamente, que as urnas eletrônicas são seguras e confiáveis. Neste ano, as Forças Armadas, dirigidas pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, provável vice de Bolsonaro nas eleições, acompanham o TSE nos procedimentos pré-eleição. O trabalho das Forças Armadas nesse processo já fez com que Bolsonaro dissesse que, em 2022, as eleições seriam limpas.