Desde a etapa do roteiro da comédia infantojuvenil “Vovó ninja”, que chega aos cinemas na próxima quinta-feira (5), Gloria Pires estava confirmada para viver a protagonista Arlete, a avó superzen, sem jeito com crianças, que vive reclusa numa fazenda até receber os três netos por alguns dias. As crianças (os atores Michel Felberg, Luiza Salles e Angelo Vidal) são filhas de Marina, sem muito contato com a mãe, mas que precisa da ajuda dela durante as férias. Quem ficaria com o papel de Marina?
“Começamos a ver várias atrizes”, conta o diretor, Bruno Barreto. “Aí eu disse para a Paula (Barreto, produtora): que tal a Cleo? Elas nunca tinham feito mãe e filha. E Gloria achou ótimo.”
Deu-se, então, um ineditismo: Gloria Pires e Cleo interpretando mãe e filha.
“Quando recebi o convite, fiquei muito feliz porque adoro essa coisa ‘filha da pessoa na vida real representar a filha no cinema'”, disse Cleo. “Nunca tinha acontecido com a gente e foi muito gostoso. Sempre fui muito aos sets com ela quando pequena, mas, hoje, poder estar como colega de trabalho e observar com mais maturidade o jeito como ela se posiciona é muito rico. Um presente em todos os sentidos.”
Atriz e, sim, roteirista
A história — que mostra como a visita das crianças vai complicar e, depois, transformar as relações familiares — teve as mãos de Gloria no roteiro. A atriz assina como colaboradora pela segunda vez na carreira — a primeira foi no filme “Desapega!”, de 2023.
“Vejo, desde pequena, minha mãe fazer, mexer e reescrever cena, e ninguém dava crédito”, diz Cleo. “Agora começou a pedir o que merece.”
Gloria, que se prepara para dirigir o primeiro filme — um documentário sobre o Balé Folclórico da Bahia, já em produção —, não descarta assinar um roteiro no futuro.
“Tenho estudado. Roteiro é uma coisa fundamental, e percebo que, desde muito cedo, tenho uma certa facilidade de visualizar o que está escrito. Isso ajuda muito no tempo de uma cena”, diz a atriz.
Este é o segundo trabalho dela com Bruno Barreto. Os dois estiveram juntos em “Flores raras”, de 2013.
“O primeiro filme que Gloria fez foi o meu irmão (Fábio Barreto) que dirigiu, o “Índia, a filha do sol” (1981)”, diz Bruno. “E quando a vi interpretando uma bêbada no banheiro em ‘A partilha’, do Daniel Filho, escrevi uma carta de fã pela primeira vez na minha vida.”