Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Mariana Pedrini Uebel | 30 de maio de 2020
Muitas pessoas estão angustiadas, perdendo anos e anos de economias em alguns meses.
Foto: ReproduçãoEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Temos três tipos de saúde: a física, a mental e a econômica. Todas elas estão sendo afetadas nessa crise, mostrando o quanto somos vulneráveis. Uma pergunta que surge agora é: como vamos lidar com a crise econômica? Quais gastos vale a pena mantermos? O que é essencial, não somente em termos financeiros, mas também onde devemos colocar
nosso foco e energia?
Muitas pessoas estão angustiadas, perdendo anos e anos de economias em alguns meses. Outras sem saber se vão conseguir manter seus negócios ou seus empregos! Tem aqueles que se perguntam se continuam pagando o plano de saúde e se ainda voltarão para a mesma academia. Quem já não se fez pelo menos uma destas perguntas? Tudo isso gera um clima de incerteza e insegurança na sociedade como um todo.
Em um mundo com tanta exposição nas redes sociais, onde usamos filtros de todos os tipos para proteger nossa auto-estima de possíveis críticas, está cada vez mais difícil lidar com os problemas de forma real e concreta. Como forma de proteção, muitas pessoas escondem ou negam suas dificuldades e projetam nos outros os seus fracassos, assumindo uma posição de vítima, sem ter controle da situação. Porém, esta medida é insustentável a longo prazo e, em algum momento, a máscara cai e os problemas aparecem com maior força.
É sim difícil falar sobre problemas financeiros com os filhos, sobre a perda do emprego de um dos pais, sobre as possíveis mudanças no estilo de vida da família. Essa pode ser uma boa oportunidade para abordar esses assuntos de forma clara e franca, buscando com resiliência e empatia quais são os valores que realmente importam para você e sua família.
Estudos mostram que o otimismo é um fator importante na recuperação das doenças e assim também deve ser nos momentos difíceis. Pessoas positivas são capazes de fazer novas conexões cerebrais e achar soluções com mais facilidade nas crises. Conversar com os mais experientes, que acrescentam algo positivo, aconselhando sobre como passaram por situações similares, e não com os críticos de plantão, pode ser inspirador. Muitas vezes, o humor também pode ser útil. Rir de si mesmo significa entender o poder da própria superação.
Muitas vezes, o medo da crítica e do fracasso nos paralisa! Porém, não podemos ceder a ele, assim como nossas vidas não podem parar. As pessoas que não se arriscam e não se expõem por medo do erro e do constrangimento, dificilmente vão conseguir superar alguma dificuldade com inovação e sucesso. A verdade é que não podemos controlar todas as consequências dessa crise, mas sim o nosso medo de falhar enquanto estamos a enfrentando.
Essa não é a primeira e nem a última crise que vamos passar. Esses tempos incertos em que vivemos podem ser uma oportunidade para quem quer ressignificar e colocar em ordem aquilo que não estava em sua evolução. Apesar da vulnerabilidade, convido vocês a ter coragem, a arriscar, agir, exercer o livre arbítrio com honestidade e responsabilidade para mudar as suas vidas e servir a quem precisa na sua comunidade.
Dra. Mariana Pedrini Uebel – CRM 26829
@marianapedriniuebel
Psiquiatra da Infância, Adolescência e Adultos
PhD em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Fellowship em Psiquiatria pela Columbia University | Nova York
Pós-Doutorado em Psiquiatria pela UNIFESP
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.