O ator Wagner Moura é um dos protagonistas do filme “Guerra civil”, do estúdio A24 e registrou um aumento de 600% nas buscas do Google no Brasil nos últimos sete dias. Segundo o Google, abril de 2024 já é o mês com mais pesquisas por Wagner Moura desde 2019.
Capitão Nascimento, em Tropa de Elite, foi o personagem de Wagner Moura mais buscado desde o início da série histórica, em 2004. Pablo Escobar, em Narcos, foi o segundo personagem do ator mais buscado.
Vale lembrar que Kirsten Dunst, Jesse Plemons, Cailee Spaeny, Nick Offerman e Stephen McKinley Henderson também estão no elenco de “Guerra civil”.
“Guerra civil”
Os Estados Unidos não são mais um só país. As regiões ao oeste do país se unem e formam exércitos para tomar a Casa Branca e instaurar uma nova realidade social após o presidente exercer mandatos autoritários e piorar a qualidade de vida dos norte-americanos. O país vira um grande campo de guerra e jornalistas de todas as partes e veículos precisam acompanhar de perto essas batalhas sangrentas que se desenvolvem em vários pontos da nação. Esse é o enredo de “Guerra civil”, novo longa da A24 dirigido por Alex Garland e protagonizado por Kirsten Dunst e Wagner Moura.
O longa segue uma fotógrafa e um repórter da agência de notícias Reuters que estão em busca de fazer o que ninguém teria coragem, uma entrevista com o presidente dos Estados Unidos horas antes de Washington DC ser invadida pelos exércitos rivais que têm o intuito de executar o líder máximo do país. Lee, personagem de Dunst, vive um impasse, uma vez que não entende mais o sentido de viver e fotografar tantas desgraças; enquanto Joel, interpretado por Moura, se entorpece da adrenalina da guerra, além de álcool e remédios controlados. Se juntam à jornada Jessie, uma jovem que sonha em ser uma fotógrafa de guerra como Lee, vivida pela atriz Cailee Spaeny; e Sammy, um repórter idoso que nunca conseguiu largar o osso do jornalismo e serve de ancião para o grupo. O grandioso Stephen McKinley Henderson interpreta esse personagem.
O filme, para além do drama dos personagens, é uma discussão sobre a forma como os Estados Unidos e o mundo como um todo estão passando por um período sombrio de dois lados muito bem delimitados em constante conflito. “Esse é um filme que fala de muita coisa, mas é, sobretudo, um alerta para os perigos da polarização, de tratar tudo como preto no branco”, afirma Wagner Moura em entrevista ao Correio. “Na minha opinião, a maior ameaça às democracias modernas hoje é essa dicotomia”, pontua o ator, que garante que de preto e branco só as fotografias da personagem de Spaeny.
A base do filme é a crítica aos dois lados, a todo momento são mostradas as dimensões perversas dessa dicotomia que Wagner Moura menciona. Os jornalistas que estão na caminhada pela notícia se mantêm neutros na situação que é crítica e não tomam qualquer posição. Afinal, a ideia não é levar o público a dizer o que é certo ou errado e, sim, mostrar as mazelas desta guerra na perspectiva de quem entende os campos de batalha como civil e não como soldado. “Este é, evidentemente, um filme político, mas não toma partido, ou tem nenhuma orientação ideológica, se não jamais seria um filme anti-polarização ou anti-guerra da forma como se propõe”, destaca Moura. Guerra civil não toma um lado, mas em momento nenhum se mantém em cima do muro.
Segundo o balanço de 2023 do portal Repórteres Sem Fronteiras, ao menos 45 jornalistas morreram no exercício da profissão e, aproximadamente, 521 outros profissionais da comunicação estão presos em situações arbitrárias por puramente exercerem a própria profissão. A importância de um filme como Guerra civil é justamente despertar a consciência de um público sobre como o jornalismo tem sido tratado em uma era de extremos e polarizações. “A polarização é também bastante influenciada pelo declínio do jornalismo como instituição importante da democracia e o avanço das narrativas falsas, fake news e das bolhas em que conservadores só consomem conteúdos conservadores e progressistas da mesma maneira”, afirma o ator.
Os personagens dos filmes vivem um cotidiano de maldade que os deixa mal acostumados ou até anestesiados, mas, ao mesmo tempo, isso é parte do trabalho. “É um pouco contraditório, porque um jornalista como Joel está no front há muito tempo, já viu muita coisa. Ele, de certa forma, está anestesiado, as imagens não o chocam mais. No entanto, o trabalho dele é trazer essas histórias e imagens para de alguma forma sensibilizar as pessoas sobre os horrores da guerra”, analisa o ator, que estudou para passar justamente o ponto de vista por Alex Garland, que além de dirigir, roteiriza a história. “Li muitos livros e conversei com vários jornalistas que estavam no front de guerra, principalmente para saber o que eles sentiam. Não era para saber como eles faziam o trabalho deles, mas o que o cara sente sendo um civil no meio dos campos de batalha”, comenta. As informações são do site The Music Journal Brazil e do jornal Correio Braziliense.