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Wagner Moura diz que pensa menos na carreira e mais na vida

Ator de 48 anos fala de envelhecimento, relação com a Geração Z e novo filme rodado no Brasil. (Foto: Bob Wolfenson/Divulgação)

Uma multidão de 300 mil pessoas (em trajes de cosplay ou à paisana) são esperados na atual edição da Comic Con Experience (CCXP), que teve início nessa quinta-feira (5) e se estende até domingo (8).

Grandes serviços de streaming, estúdios, editoras devem anunciar detalhes inéditos de filmes, seriados, novelas e programas de TV ao longo de todos os dias de atividade. Trata-se de uma das maiores convenções do tipo em todo o mundo. Para se ter uma ideia da força da atração, artistas globalmente famosos como Keanu Reeves, Pedro Pascal e Sandra Bullock já passaram pelos palcos do evento em anos anteriores.

Uma figura, porém, ainda não tinha brotado nas apinhadas arenas do evento. O ator, diretor e produtor Wagner Moura, de 48 anos. O baiano, contudo, deve recuperar o tempo perdido em uma grande aparição nesta sexta (6), no palco principal da CCXP, onde será aclamado como o homenageado da edição pela carreira em filmes, séries e novelas.

Antes de desembarcar no Brasil, porém, o célebre intérprete do capitão Nascimento, em “Tropa de Elite”, Pablo Escobar, em “Narcos” e Olavo, no folhetim “Paraíso Tropical” falou com exclusividade ao jornal O Globo sobre a chegada dos 50 anos em breve, de novos projetos e do sonho de ficar mais perto do Brasil. “Sinto que vou ser ator pelo resto da vida”

1) Como recebeu o convite da CCXP, foi difícil te convencer a vir?

Fiquei muito feliz, até porque nunca tinha ido à CCXP. É um negócio que cresceu, né? Assim que me chamaram, fiquei afim de cara. Aí fui olhar homenageados de outros anos e tinha muita gente incrível, Fernando Meirelles, a Xuxa, Renato Aragão, Fernanda Montenegro. Me senti muito bem em estar em meio a essas pessoas, e estou animado para ir ao Brasil. Já ia praí no Natal, mas vou chegar antes e ficar direto, sozinho.

2) Pensa se o público da Geração Z, como seus filhos, conhece seu trabalho? A dispersão nas telas é grande…

Não penso muito nisso, mas você tem toda a razão. É uma galera que talvez não tenha visto as coisas que eu fiz, não sei bem. Os amigos do meu filho mais velho, o Bem (de 18 anos), que inclusive vai à CCXP comigo, acho que viram “Narcos” (série da Netflix, lançada em 2015) e falam comigo como se me conhecessem (risos). Eu também não tenho rede social, não apareço muito nesse mundo virtual então as pessoas só me conhecem por algum trabalho que fiz ou alguma polêmica política. Mas entrar no mundo do entretenimento pop é maneiro, acho que vou aparecer para pessoas que não me conhecem tanto.

3) A força dos brasileiros na internet pode ser um motor para dar força às nossas produções cinematográficas e atores?

Eu vi a Nanda Torres falando sobre a enxurrada de comentários em uma foto dela (no Instagram da Academia do Oscar) que diziam: Fernanda Torres no Oscar. E, em comparação com as fotos de outras pessoas, era ridículo, a foto dela tinha um milhão de comentários e as outras não. Isso é algo incrível, acho que demonstra força no virtual. E tem essa coisa dos memes, que os brasileiros gostam muito. Acho curioso. Tem ainda o sucesso que esse filme do Waltinho (“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles) está fazendo, é lindo. Acho muito possível esse filme representar o Brasil no Oscar.

4) Seus 50 anos estão chegando, está reavaliando sua vida pessoal e suas escolhas pessoais?

Quando eu tinha 28 anos, o negócio do retorno de Saturno foi foda, me lembro até hoje. Acho que agora é diferente. Penso menos na minha carreira, embora não goste tanto desse nome, penso mais na minha vida. Onde quero estar, com quem quero estar, ou trabalhar. Estou menos ambicioso profissionalmente e mais grato. Aqui nos Estados Unidos tem um negócio que se chama de Thanksgiving (o dia de Ação de Graças), que é uma celebração meio hipócrita com colonizadores e indígenas comendo juntos, algo meio cínico, mas se tornou um dia para você estar com quem gosta e ser grato. Agradecer pelo que você tem. Isso nunca foi minha “coisa”, eu sempre estava querendo mais, ir para frente. Agora, chegando aos 50 quero agradecer ao que eu tenho, família, amigos, um trabalho que gosto e que sinto prazer em fazer. Quando eu tinha 30, não ligava para isso.

6) Você já disse que mora onde estiver trabalhando, mas também sempre fala da relação íntima que nutre com a Bahia. Está se preparando para realizar mais projetos no Brasil para unir as duas coisas?

Penso muito sobre onde quero estar e viver. Não quero ficar aqui por muito mais tempo. Embora esteja bem e tenha muitos amigos. Acho que sigo aqui nos Estados Unidos muito por conta dos meus filhos, há a escola, os amigos deles. Tenho pensado para onde vou quando eles forem adultos, certamente não será aqui.

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