Desde a última quinta-feira (14), quando veio a público que a investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares demonstram preocupação.
Fontes do Congresso relataram que os grupos de WhatsApp dos deputados federais estão debatendo o assunto e muitos já estariam temerosos com o avançar das investigações.
Um deputado federal da bancada do Rio de Janeiro definiu que a Câmara está “em alvoroço” e que o sorteio do ministro Alexandre de Moraes enquanto relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF) esquentou ainda mais as discussões.
A bancada do Rio de Janeiro já fala em uma reunião na próxima semana, com parlamentares dos partidos de centro e de direita, para que possam discutir e acompanhar detalhadamente o andar das investigações.
A avaliação de parte dos parlamentares é de que a existência de um deputado no processo basta para dificultar a situação de todos, inclusive nas eleições municipais. O Rio de Janeiro tem hoje uma bancada federal com 53 parlamentares, sendo quatro licenciados.
A investigação sobre o assassinato de Marielle e Anderson avançou nas últimas semanas e chegou à menção do nome de ao menos um deputado do Rio de Janeiro. Ainda não há, no entanto, informações sobre os nomes e o grau de envolvimento do parlamentar no ocorrido.
Na noite de 14 de março de 2018, os dois foram executados a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na região central do Rio.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, já disse que a intenção é concluir a investigação até o final de abril.
Supremo
O processo que apura os mandantes do assassinato chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação procura saber quem atuou como mandante das mortes.
O inquérito está em segredo de Justiça e ainda não é possível obter detalhes sobre os motivos que levaram a Polícia Federal (PF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o processo tramitava, a enviar o caso ao Supremo.
Nas questões criminais, cabe ao STF o julgamento de autoridades com foro privilegiado na Corte, como deputados federais e senadores. Dessa forma, uma das justificativas para a remessa da investigação pode ser a citação do nome de alguma autoridade com foro na Corte. Contudo, o motivo da movimentação da investigação não foi confirmado pela Polícia Federal.
Em outro processo sobre a investigação, o policial militar reformado Ronnie Lessa deve ser levado a júri popular. Ele é acusado de ser um dos executores dos assassinatos.